Título: Previsão do IPCA sobe pela 10.ª semana
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Economia, p. B3

A despeito dos sucessivos aumentos do juro básico, o mercado financeiro continua elevando sua estimativa para a inflação deste ano. De acordo com o último levantamento semanal feito pelo Banco Central entre bancos e empresas de consultoria, divulgado ontem, a projeção do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) passou de 6,28% para 6,30%. Foi a décima semana consecutiva de aumento da estimativa de inflação. Com a nova alta, o índice de inflação projetado pelo mercado se distanciou ainda mais da meta de 5,1% que vem sendo perseguida pelo Comitê de Política Monetária, ficando mais próximo do teto de 7% admitido pelo governo. A piora das expectativas para o comportamento dos preços não provocou, entretanto, uma mudança das previsões para a reunião do Copom da próxima semana. A visão predominante continua a ser a de que o ciclo de alta dos juros se encerrou mesmo em abril, e que a taxa Selic será mantida nos 19,50% estabelecidos no mês passado.

Ao mesmo tempo, o mercado fez um ajuste nas previsões para a trajetória dos juros no segundo semestre, ao elevar de 17,75% para 18% ao ano a estimativa do nível em que a Selic deverá estar no fim de 2005. A expectativa do juro para o final de 2006, entretanto, se manteve nos 15,50% da pesquisa anterior.

O levantamento do BC registrou uma piora na expectativa de crescimento econômico para este ano. Pela segunda semana consecutiva, o mercado reduziu a previsão para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005. A estimativa, que era de 3,64% na semana passada, passou para 3,60%, descolando-se ainda mais da projeção de 4% feita pelo BC no Relatório de Inflação divulgado no final de março.

A mudança veio acompanhada de uma revisão para baixo também na estimativa de expansão da produção industrial em 2005, que caiu de 4,64% para 4,50%. Para 2006, o mercado manteve a expectativa de 3,50% para o crescimento da economia como um todo. Mas também diminuiu - de 4,70% para 4,50% - a projeção de crescimento da produção industrial.

O dado favorável da pesquisa, como já vem acontecendo há 11 semanas consecutivas, foi a estimativa para o superávit em conta corrente do balanço de pagamentos, indicador que contabiliza o valor da entrada e saída de mercadorias e serviços do País. A projeção para 2005 subiu de US$ 8,10 bilhões para US$ 9 bilhões. Há apenas 4 semanas, a projeção do mercado era de que o saldo positivo ficaria em US$ 5,02 bilhões este ano. Para 2006, a previsão das instituições ouvidas pelo BC passou de US$ 3,35 bilhões para US$ 3,60 bilhões de superávit.

O mercado ajustou também as projeções para a taxa de câmbio. A expectativa para a cotação do dólar no final deste mês recuou de R$ 2,60 para R$ 2,55. Apesar da queda, a estimativa ainda está acima da taxa praticada pelo mercado.