Título: Montadoras voltam à Argentina
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Economia, p. B5

A melhora consistente do mercado automobilístico argentino, que deve crescer este ano cerca de 15%, passando de 200 mil veículos, incentiva montadoras a voltar a investir no país. Volkswagen, PSA Peugeot Citroen e Fiat confirmaram novos projetos para o país. Só a Volks vai investir US$ 300 milhões na produção de um derivado do Fox, uma versão sedã que será exportada para o Brasil e outros mercados a partir do próximo ano. No início do ano, Toyota e Scania também expandiram as unidades locais. Com isso, o setor evita confrontos com os argentinos, a exemplo do que ocorre em segmentos como o da linha branca e calçadista, que estão sendo barrados naquele mercado. No primeiro trimestre, o Brasil exportou US$ 712 milhões em carros e peças para a Argentina, um aumento de 27% ante igual período de 2004. As importações somaram US$ 312 milhões, 43% a mais que no ano anterior.

O acordo automotivo entre os dois países, em vigor desde 2002, prevê que, para cada US$ 100 exportados, é possível importar US$ 102,6 sem nenhuma taxa de importação, de ambos os lados. A estratégia das montadoras é ter produtos nos dois mercados, para obter uma balança mais equilibrada. "Não queremos ter de pagar multa por exceder esse acordo", diz o presidente da Volkswagen do Brasil, Hans-Christian Maergner.

Atualmente, a Volks produz na Argentina o antigo modelo Polo e a minivan Caddy. Com a nova versão do Fox, a capacidade da fábrica de 30 mil unidades, hoje subutilizada, será ampliada para 40 mil unidades ao ano.

O Grupo PSA, que recentemente iniciou a produção na Argentina do Peugeot 307, prepara investimentos para um novo produto, no mesmo segmento de médios, de um modelo Citroen, provavelmente o C4. Segundo o diretor-geral do grupo, Pierre-Michel Fauconnier, em outubro a empresa vai iniciar um segundo turno de trabalho na fábrica local, ação que exigirá novas contratações de pessoal.

A unidade da PSA na Argentina produz os modelos Peugeot 206 e 307. O novo modelo, da marca Citroen, tem lançamento previsto para 2006 e a criação do segundo turno deve ampliar a capacidade da fábrica de 50 mil para 58 mil veículos ao ano. Em 2001, quando teve início a produção do 206 na Argentina, a fábrica operava com dois turnos, mas por causa da queda da demanda no mesmo ano passou a operar em um turno.

No ano passado, a maior parte das 10 mil unidades exportadas pelas duas marcas francesas seguiu para a Argentina. Neste ano, as exportações devem saltar para 17 mil veículos e o mercado argentino seguirá como maior cliente. "A defasagem do câmbio não prejudica o volume de exportações, mas a rentabilidade é menor", afirma o executivo.

"Vamos manter o equilíbrio de investimentos nas duas fábricas e nossa estratégia industrial é a especialização de veículos pequenos no Brasil e os de porte médio na Argentina", diz Fauconnier.

"Temos investimentos programados no campo da mecânica", diz o presidente da Fiat, Cledorvino Belini, sem adiantar detalhes. A empresa produz na Argentina motores 1.6 e 1.7 a diesel, para exportação na América Latina. A idéia é produzir outras versões do produto em Córdoba, parte para abastecer a linha de montagem em Betim (MG), caso os preços sejam mais competitivos.