Título: Bradesco dobra ganhos no trimestre
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Economia, p. B6

O lucro líquido do Bradesco no primeiro trimestre deste ano quase dobrou em relação a 2004, saltando de R$ 608,713 milhões para R$ 1,205 bilhão - crescimento de 98%. O ganho é superior ao apresentado pelo concorrente Itaú, que na semana passada anunciou lucro de R$ 1,14 bilhão nos três primeiros meses do ano. Além da expansão da rede, o fortalecimento do crédito teve contribuição fundamental no resultado do banco. A carteira de empréstimos e financiamentos cresceu 20,2% no período e alcançou a cifra de R$ 65,98 bilhões. Se considerado os valores referentes a avais e fianças, a carteira atinge R$ 75,06 bilhões, 22% superior ao mesmo período de 2004.

Segundo o presidente da instituição, Márcio Cypriano, por enquanto, o banco não sentiu nenhuma retração no crédito por causa do aumento da taxa Selic, hoje em 19,5% ao ano. A explicação, diz ele, é que havia uma demanda reprimida no mercado que agora começa a ser atendida.

Os empréstimos foram responsáveis por 31% do lucro líquido do Bradesco, de janeiro a março. Mais uma vez o destaque ficou por conta do crédito para pessoa física, cuja participação na carteira total subiu de 30% para 36%, somando R$ 23,7 bilhões. Isso representa um aumento de 44,5% nos valores emprestados.

O crédito ao consumo somou R$ 19,5 bilhões, com destaque para o empréstimo pessoal. Nessa linha, o crescimento foi de 62,5%. Já o financiamento de veículos subiu 57,5%. No caso das micro, pequenas e médias empresas, o crédito cresceu 21,6%, para R$ 19,1 bilhões. Enquanto isso, o portfólio de grandes empresas manteve desempenho bastante modesto, com crescimento de apenas 1,75%, de R$ 22,8 bilhões para R$ 23,2 bilhões.

O presidente do Bradesco afirmou também que o banco liberou R$ 614 milhões a bancos de pequeno e médio portes no primeiro trimestre do ano, por meio dos acordos operacionais fechados em 2004 e início de 2005. O Bradesco tem parceria com o Panamericano, BMC, Cruzeiro do Sul, Bonsucesso e Paraná para financiar o crédito consignado aos aposentados e pensionistas do INSS.

Para o financiamento dos clientes da Casas Bahia, foram liberados até março apenas R$ 44 milhões. Isso porque as operações começaram só no fim de fevereiro. A previsão do executivo é chegar a R$ 120 milhões em abril.

Segundo Cypriano, a expectativa do banco é fechar 2005 com um crescimento de 23% na carteira de crédito. No segmento pessoa física, o aumento deverá ficar entre 25% e 31%; micro, pequenas e médias empresas, 20%; e grandes empresas, 16%. "Os empréstimos e financiamentos para pessoa física continuarão impulsionando o crédito neste ano."

As operações de seguro também tiveram importante contribuição no resultado líquido do banco. De acordo com o presidente do banco, trata-se de uma área muito completa dentro do Bradesco. "Atuamos em todas as linhas." Do ganho de R$ 1,2 bilhão, cerca de R$ 422 milhões vieram das seguradoras. As receitas de serviços foram responsáveis por 24% do lucro e as de tesouraria e valores mobiliários, 10%.

Mas Cypriano afirma também que o ganho apurado no primeiro trimestre é decorrente do crescimento orgânico do banco. A base de correntistas atingiu 16,1 milhões de clientes e o número de poupadores somou 32,5 milhões de contas. Ele destacou ainda que o banco postal, com 5.389 unidades, já apresenta os primeiros resultados positivos. Apesar disso, preferiu não divulgar os números. Segundo a instituição, 18 milhões de pessoas foram beneficiadas em municípios que não tinham banco.

Para este ano, o Bradesco trabalha com um cenário de crescimento econômico de 3,6%, inflação de 6,15% e taxa de juros de 17,5% em dezembro. Segundo o executivo do banco, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) decida neste mês pelo fim do aperto monetário, iniciado em setembro. A partir de agosto, o Banco Central começaria uma fase de redução dos juros.