Título: Mães estão mais velhas. E mais novas
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Vida&, p. A20

Em cada dez mulheres que tiveram o primeiro filho em 2000, quatro tinham menos de 20 anos. Em 1991, a proporção era de três para cada grupo de dez. O aumento da gravidez na adolescência fez diminuir a idade média das mães de primeira viagem de 22 anos para 21,6 anos na década de 90. Mas, no meio desse cenário preocupante, um novo fenômeno tem sido observado: o crescimento do número de mulheres que estréiam na maternidade depois dos 40 anos. Esse número cresceu 30% entre as que tiveram o primeiro filho entre 40 e 44 anos. Na faixa etária de 45 a 49 anos, o aumento foi de 9,7%. Ao contrário das mães jovens demais, as mais maduras têm renda e escolaridade altas, aponta pesquisa divulgada ontem pelo IBGE. Também é mais alta a proporção de mães mais velhas que vivem ou já viveram com companheiros. A estabilidade financeira e a maturidade são alguns fatores que estimulam as mulheres mais velhas a experimentar a maternidade. As informações do Censo 2000 indicam que mais de um quarto (25,7%) das mães iniciantes com idade entre 40 e 49 anos vive em famílias com renda mensal de mais de dez salários mínimos (R$ 3 mil, em números de hoje). Entre as mães extremamente jovens, de 10 a 14 anos, a proporção é de apenas 1,6%. Entre aquelas que têm entre 15 e 19 anos, são somente 2,9%.

Em 2000, 9.063 mulheres de 40 a 49 anos tiveram o primeiro filho. É menos da metade das crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que foram mães pela primeira vez, no mesmo ano. A faixa etária com o maior número de mães de primeira viagem é de 15 a 19 anos - 476.871 jovens, confirmando, como diz o demógrafo Juarez de Castro Oliveira, que "a maternidade está ficando cada vez mais precoce". Oliveira é demógrafo e autor da pesquisa divulgada ontem, intitulada Perfil Socioeconômico da Maternidade nos Extremos do Período Reprodutivo.

Entre as mães iniciantes de todas as idades, prevalecem as que vivem em famílias pobres: 46,7% têm renda mensal familiar de no máximo três salários mínimos (R$ 900). Outras 15,2% não declararam nenhum rendimento da família no Censo 2000. Apenas uma em cada dez mães de primeira viagem tem renda familiar superior a dez salários mínimos.

Os dados de escolaridade são um pouco melhores, com 51,2% das mães de todas as idades com o ensino fundamental concluído. Mas 13,4% delas não foram à escola ou não chegaram sequer ao terceiro ano. Não só por causa da idade, mas também pelo maior poder aquisitivo, as mães maduras são mais instruídas do que as jovens. Seis em cada dez mães estreantes que já passaram dos 40 têm pelo menos o ensino fundamental (até a oitava série) concluído. No caso das moças entre 15 e 19 anos, essa proporção cai à metade, com três em cada dez.

Há uma ampla maioria de brancas entre as mães mais velhas, enquanto no caso das mais jovens, embora prevaleçam as brancas, há alta proporção de pardas. Entre as mães mais velhas, há uma predominância (63,5%) de mulheres economicamente ativas, que trabalham ou procuram emprego. Na faixa dos 10 aos 14 anos, um quarto das mães declarou-se economicamente ativa. Entre as de 15 a 19 anos, foram 34,6%.

São Paulo, Estado com população de mais alto poder aquisitivo e mais escolaridade, destaca-se na pesquisa pelo grande aumento no número de mulheres de mais de 40 anos que tiveram o primeiro filho, que ultrapassou os 50%, muito acima da média nacional.