Título: Alckmin: não houve fuga na Febem
Autor: Bárbara Souza
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2005, Metrópole, p. C3

Apesar de a Polícia Militar ter recapturado pelo menos 27 menores entre a noite de segunda-feira e a madrugada de ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) garantiu que não houve fuga no Complexo do Tatuapé, apenas uma tentativa. Alckmin negou que a Febem esteja passando por graves problemas e afirmou, durante evento numa escola na zona norte, que a dificuldade está localizada no Tatuapé, uma unidade grande, com mais de mil internos. Veja a seguir os principais trechos de sua entrevista coletiva: Que avaliação o senhor faz hoje da situação na Febem?

O nosso problema é Tatuapé. Nós temos 77 unidades e o problema está localizado no Complexo do Tatuapé, que é muito grande. Mas, em pouco tempo, ninguém vai mais ouvir falar em Tatuapé. Vai ser como o Carandiru, só coisa de cinema. Amanhã (hoje), saem os editais para a construção de 41 unidades. Serão 1.640 vagas. Só no Tatuapé hoje temos mil e poucos adolescentes.

Há rebeliões quase todo dia. Houve fuga no Tatuapé. O senhor vai fazer algo de emergência antes das unidades ficarem prontas?

Não teve nenhuma fuga. Só ocorrem tentativas de fuga. Como eles não conseguem, há confusão, atrito. Ninguém escapou.

Mas há um mês fugiram 400...

É, mas nestes últimos dias não houve nenhum tipo de fuga. Agora, a situação é que você tem 6.500 adolescentes em privação de liberdade e muita gente procurando dificultar o trabalho. Então, você vai apurando e vai tirando...

O senhor fala de funcionários?

Você tem funcionário que acaba prejudicando o trabalho e não vai haver condescendência. Tivemos oito casos com problemas de agentes escondendo celulares de internos - e oito demitidos.

Como serão os novos prédios?

Vamos ter pequenas unidades, para 40 adolescentes, com educação, trabalho individualizado e deixando os internos perto da família. Das 41 unidades, estão definidos os locais para 25. Nessas, as obras começam em 40 dias. Os outros espaços devem ser definidos este mês. Esses prédios de 2 mil metros quadrados serão erguidos em cem dias. Vamos fazer a concorrência pública.

A polícia afirma que fez cem intervenções na Febem este ano. Essa é uma questão de muita gente num espaço grande ou não há como fazer programa pedagógico agora e é preciso esperar a construção desses prédios?

O trabalho pedagógico é feito. Estamos fazendo a mudança pedagógica para ter cursos mais úteis para os jovens. Trabalho que vai ser lançado com a concorrência. O processo de regionalização deu certo, tanto é que você não ouve mais falar de outras Febens. O problema é o fato de ter grandes unidades, prédios inadequados e em mau estado. Não vale a pena ficar gastando para reformar. Então, vamos acelerar a construção das unidades. E vamos liberar 40% da área do complexo para o Parque do Belém.

Já há um nome para substituir Alexandre de Moraes como presidente da Febem?

Ele só vai tomar posse no Conselho Nacional de Justiça no dia 2 de junho. Temos aí quase um mês. Sabemos que a linha vai ser mantida, não tem nenhuma mudança no projeto. O modelo pedagógico que vai ser anunciado nos próximos dias (hoje) está correto.

Que modelo é esse?

Primeiro precisamos completar a parte física, acabar com as grandes unidades. Só tem o Tatuapé agora. A outra parte é pedagógica. Além do ensino formal, teremos ensino para que o interno saia da Febem com emprego. O projeto pedagógico está sendo terminado. A responsável é uma professora que trabalhou com o (ex-ministro da Educação) Paulo Renato.