Título: Apoio às Malvinas fortalece argentino
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2005, Nacional, p. A9

VITÓRIA: O presidente Lula proporcionou - sem nada receber em troca - ao presidente Kirchner um fortalecimento político perante o eleitorado argentino ao respaldar o governo argentino em sua reivindicação sobre as Ilhas Malvinas (ou Falklands, para os britânicos). O enfático apoio do Brasil, com os outros países sul-americanos e árabes que participaram da Cúpula de Brasília, foi celebrado no âmbito político e diplomático local como uma "vitória" do governo da Argentina. Os jornais portenhos exultaram com o apoio recebido, que reforçaria a posição deste país nas discussões internacionais sobre a soberania desse inóspito arquipélago nos confins meridionais do Atlântico. A curto prazo, para Kirchner, na frente política interna, esse respaldo gerará votos nas decisivas eleições parlamentares de outubro deste ano. A reivindicação sobre a soberania das ilhas é uma das poucas unanimidades na Argentina, país cuja sociedade costuma ser polarizada e plena de antagonismos. Desde a escola primária os argentinos aprendem que "Las Malvinas son argentinas" (As Malvinas são argentinas). Kirchner, fiel ao seu estilo duro, de escassas sutilezas, deixou a capital brasileira horas antes de seu país ser beneficiado com o anúncio oficial de respaldo sul-americano e árabe para que as negociações sobre a soberania das ilhas sejam retomadas entre a Argentina e a Grã-Bretanha. Os dois blocos também deixaram claro que criticam a inclusão das Malvinas na constituição da União Européia.