Título: Severino pede que Meirelles seja afastado
Autor: Christiane Samarco e Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2005, Nacional, p. A4

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), defendeu ontem, ao sair do 27.º Fórum Nacional, no Rio que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, seja afastado do cargo até a conclusão do inquérito contra ele, aberto ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Sobre o processo, ele foi inclemente: "Se o Supremo optou pela abertura é porque existem indícios", disse. Em Brasília, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), pediu a imediata demissão do presidente do BC. No mesmo fórum, Meirelles absorveu com serenidade as declarações de Severino: "O debate é livre e faz parte da democracia", disse. Severino foi além: pediu que a mesma medida seja tomada em relação ao ministro da Previdência, Romero Jucá, personagem de outro pedido de inquérito do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, encaminhado ontem ao STF, por supostas irregularidades com recursos do Banco da Amazônia (Basa).

"Para fazer as investigações, acho que ele (Meirelles) não pode permanecer no cargo", disse Severino. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que pedir o afastamento do presidente do BC seria um pré-julgamento. O líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS), afirmou que a abertura de inquérito é uma "excelente oportunidade" para Meirelles provar que é inocente.

Também no encontro, o presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), discordou de Severino e defendeu que Meirelles fique no BC durante o inquérito. "Acho que não se pode preventivamente culpar ninguém", declarou. "É importante que se investigue. Não se pode punir preventivamente, alijar da vida pública." O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, também defendeu Meirelles: "À Justiça cabe analisar se há ou não culpa. Enquanto isso, não pode haver pré-julgamento."

O presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), disse que o seu partido vai se reunir para decidir o que fazer. Mas assinalou que, "quando pairam dúvidas, o ideal é que haja esclarecimento o mais rápido possível". Em discurso no plenário, Roberto Freire qualificou Meirelles como "ministro meia-bomba, metade ministro, metade subordinado ao Ministério da Fazenda", e lamentou que a investigação do STF seja feita em segredo de justiça.