Título: Presidente prepara as malas para viagem ao Japão e à Coréia
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2005, Nacional, p. A9

Decantada a euforia da Reunião de Cúpula da América do Sul e dos Países Árabes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara-se para embarcar no final do mês para a Coréia do Sul e o Japão - dois países que se queixaram da sua passagem pela China no ano passado e que poderiam ter entrado na agenda de viagens presidencial há muito tempo. O embaixador da Coréia no Brasil, Kwang-Dong Kim, declarou ao Estado que Seul espera iniciar uma nova etapa nas relações bilaterais, assentada no aumento dos investimentos produtivos coreanos, dos atuais US$ 1 bilhão para mais de US$ 3 bilhões, no impulso ao intercâmbio de bens e no início da negociação de acordo de livre comércio com o Mercosul em meados de 2006.

"Nós esperávamos que o presidente Lula nos visitasse no ano passado, quando esteve na China. Nosso presidente visitou o Brasil em novembro e discutiu com Lula a promoção de investimento e do comércio. Junto, eles concordaram em iniciar parceira estratégica", afirmou o embaixador Kim, ao assinalar que a iniciativa de aproximação partira de seu presidente, Roh Moo-Hyun.

O presidente Lula desembarca em Seul dia 23, onde participará do 6.º Fórum Mundial para Reinventar a Governança. Estão previstos discurso no Fórum Empresarial Coréia-Brasil e visita a complexo industrial eletroeletrônico. O presidente Lula seguirá para Tóquio, no Japão, no dia 25.

Diplomata com carreira orientada para questões econômicas e ex-ministro de Comércio, o embaixador Kim informou que a corrente de comércio entre o Brasil e seu país - de US$ 3,1 bilhões, nas contas brasileiras, e US$ 4 bilhões, nas coreanas - gira em torno de 1% da soma das importações e das exportações da Coréia com todo o mundo, de US$ 314,9 bilhões em 2002.

Conforme ressaltou, há muitas oportunidades para que o intercâmbio de bens cresça nas duas mãos, principalmente se houver incentivo à formação de joint ventures orientadas para a complementaridade na produção de bens com maior valor agregado. "Queremos seguir a política do ganhar-ganhar com o Brasil", resumiu.

Com o Mercosul, por enquanto, há um grupo bilateral de estudo sobre a viabilidade do acordo, cujos trabalhos terminam em 2006. "Podemos iniciar negociações assim que terminarem essas tarefas. O Brasil não pode perder essa oportunidade de ouro", afirmou.

O ouro, no caso, são as possibilidades de derrubar barreiras que hoje impedem, por exemplo, os desembarques de carnes bovina e suína brasileiras e de outros produtos básicos no mercado coreano. Também terá tom dourado a possível escolha de uma das principais siderúrgicas da Coréia do Sul, a Posco, de investir de US$ 2,5 bilhões a US$ 3,0 bilhões na construção de siderúrgica em Fortaleza, projeto ainda em estudos e que conta com a Índia como concorrente.