Título: Coréia do Norte prepara mais bombas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2005, Internacional, p. A15

A Coréia do Norte anunciou ontem ter completado a remoção das barras de urânio de um reator nuclear, um passo-chave no processo de obtenção de plutônio para fins bélicos. Um porta-voz da Chancelaria norte-coreana disse que o país "completou com êxito" a retirada de 8 mil cátodos de urânio do reator do complexo nuclear de Yongbyon, a fim de poder "aumentar seu arsenal nuclear". A Coréia do Norte expulsou os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica no final de 2002 do complexo de Yongbyon, tornando impossível a confirmação do anúncio. A Chancelaria não informou se o reprocessamento das barras de combustível nuclear - necessário para obter o plutônio - tinha sido iniciado.

É a primeira vez que a Coréia do Norte confirma que estava trabalhando no reator de Yongbyon, ao norte de Pyongyang. Os países da região, especialmente a Coréia do Sul, manifestaram preocupação e pediram ao governo norte-coreano que volte às negociações para encerrar suas ambições nucleares. As conversações entre seis países (as duas Coréias, Japão, China, EUA e Rússia) estão paradas desde junho, quando Pyongyang insistiu que não retomará o diálogo enquanto Washington não abandonar sua "política hostil".

A mídia sul-coreana disse que o urânio reprocessado poderia produzir plutônio suficiente para fabricar mais duas bombas nucleares. Especialistas ocidentais acreditam que a Coréia do Norte já tenha entre seis e oito bombas. Pyongyang - que afirma ter seis bombas - decidiu reforçar seu arsenal nuclear "com fins defensivos", indicou a Chancelaria.

O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse ontem que os EUA estão determinados a levar a Coréia do Norte de volta às negociações para conter suas ambições nucleares. "A declaração provocadora e as ações da Coréia do Norte só podem isolá-la ainda mais", advertiu.

Recentemente, jornais americanos informaram que fotos de satélite mostraram uma intensa movimentação de equipamento pesado - como caminhões e escavadeiras - na região de Gilju, nordeste da Coréia do Norte, o que poderia ser um indício de que Pyongyang estaria preparando um teste nuclear subterrâneo.

DEFESA ANTIMÍSSIL

Em Washington, o chefe do Comando Estratégico americano, general James Cartwright, disse a uma comissão do Senado que o Pentágono está estudando se uma decisão para abater um eventual míssil norte-coreano lançado contra os EUA deve ser tomada pelos vários níveis hierárquicos, até chegar ao presidente. Segundo Cartwright, pode não haver tempo para isso: "Conseguir falar com o presidente, o secretário (de Defesa) e o comandante regional ... num período de três a quatro minutos seria um desafio."