Título: Empresário cuida de reserva pessoal
Autor: Kazuo Inoue
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2005, Vida &, p. A17

Para mantê-la, ele teve de lutar contra a caça ilegal e o projeto de uma hidrelétrica

Hary Heins Lindner tem 78 anos e é um bem-sucedido empresário e criador de produtos inovadores de madeira para revestimento de tetos, paredes e assoalhos. Mas seu maior legado será a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Caetezal, uma área de 7,5 mil hectares na Serra Dona Francisca, em Joinville (SC). Lindner foi um pioneiro. Em 1967, comprou remanescentes de terras do Domínio Dona Francisca para retirar árvores para uso como matéria-prima. Em 1971, passou a comprar madeira de terceiros e em 1979 transformou a propriedade no primeiro Refúgio Particular de Animais Nativos, que depois se tornou RPPN.

Nesses anos todos, conservar a área significou luta contra a extração clandestina de palmito, a caça ilegal e a construção de uma hidrelétrica que acabaria com o Salto do Cubatão, de 369 metros de altura. Paulo Lindner, filho de Hary, conta que não deu trégua aos responsáveis pelo projeto da hidrelétrica e consegui derrubar seus argumentos. "Busquei auxílio da Fundação SOS Mata Atlântica", conta ele, que recebeu um estudo com os problemas que seriam causados pela construção da usina: "Mobilizamos a cidade e conseguimos vencer o poder econômico."

A ameaça atual é a Tractebel, que tenta retomar o projeto, embora a lei não permita impactos ambientais dentro de uma RPPN. Paulo quer instalar infra-estrutura para desenvolver atividades de educação ambiental e pesquisa científica na reserva, com acomodações para estagiários e cientistas.

Para Mário Mantovani, diretor de Mobilização da SOS Mata Atlântica, as RPPNs são valioso instrumento de preservação ambiental, já que o dono cuida diretamente delas. "Já temos US$ 765 mil para aplicar na sustentabilidade de reservas particulares do sul da Bahia e do Espírito Santo até a região metropolitana de São Paulo. E queremos chegar a US$ 1 milhão e estender o investimento a Santa Catarina."