Título: Déficit comercial americano recua
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2005, Economia, p. B8

O déficit comercial americano teve forte queda em março, chegando ao nível mais baixo em seis meses, puxado pelas exportações recordes e pela queda na compra de produtos têxteis da China. O recuo foi de 9,2% (a maior queda em quase 3 anos), para US$ 54,99 bilhões, ante o recorde de US$ 60,57 bilhões de fevereiro. Apesar disso, o déficit do primeiro trimestre projeta US$ 696 bilhões para 2005, 12,5% a mais do que os US$ 617,08 bilhões ao longo de 2004. Para alguns economistas, a balança comercial menos desfavorável poderá melhorar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre de 3,1% para até 3,9% (projeções anualizadas).

Em março, as exportações americanas de bens e serviços subiram 1,5%, para o recorde de US$ 102,2 bilhões (foi o quarto recorde seguido). Aumentaram as vendas de aeronaves comerciais, equipamentos de telecomunicações e produtos agrícolas e até obras de arte. As importações, que haviam batido recorde em fevereiro, caíram 2,5%, para US$ 157,19 bilhões, por causa da acentuada queda nas compras de carros estrangeiros e de produtos têxteis chineses. Isso compensou a alta de 4,1% nas importações de petróleo por parte dos EUA, que somaram US$ 18,9 bilhões.

O déficit com a China declinou 7%, para US$ 7,83 bilhões em março. O governo vem sendo bastante pressionado no Congresso, onde tramita um projeto que impõe uma tarifa de 27,5% sobre as importações chinesas, até que Pequim deixe de manter o yuan artificialmente desvalorizado em relação ao dólar. Essa prática dá aos produtos chineses uma grande vantagem de preço.

Circulam rumores de que na próxima semana as autoridades chinesas poderiam se reunir com representantes do Tesouro americano para anunciar a revalorização do yuan. Na terça-feira, o secretário do Tesouro, John Snow, disse acreditar que "chegou a hora de os chineses começarem a agir para flexibilizar o câmbio". A China argumenta que esse processo não pode ser abrupto.

Ao ser criticado pelo gigantesco déficit comercial, o governo Bush alega que ele decorre do fato de a economia americana estar se desenvolvendo num ritmo bem mais rápido do que nos demais países. Mas a oposição contesta, dizendo que os acordos de livre comércio firmados pelo governo só beneficiam as empresas americanas que têm condições de fechar suas unidades nos Estados Unidos e transferir a produção para países onde a mão-de-obra é muito mais barata, remetendo, então, os produtos para os EUA sem pagar impostos.