Título: Partido deve emplacar outra indicação, em Furnas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2005, Nacional, p. A4

Nomeação do novo diretor de Engenharia dobrou até a resistência da ministra Dilma e é vitória de Jefferson

Os acionistas de Furnas Centrais Elétricas votarão hoje, às 18h, em assembléia geral, a indicação de Francisco Pirandel para a diretoria de Engenharia da empresa, preenchendo mais um dos 2 mil cargos de confiança com que o PTB, presidido pelo deputado Roberto Jefferson (RJ), conta no governo Lula. Antes do escândalo da caixinha do PTB nos Correios, já havia uma decisão da diretoria de Furnas de colocar a votação do apadrinhado do PTB como item extra da pauta da assembléia. A nomeação de Pirandel, se confirmada pela assembléia da estatal de energia elétrica, representará uma vitória de Jefferson. Depois de três meses de intensas negociações com o Palácio do Planalto, o presidente do PTB conseguiu dobrar até mesmo a ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, tida como adversária do fisiologismo e das indicações políticas. A ministra era contrária à contratação do petebista, mas acabou vencida depois que Jefferson conversou sobre o assunto com o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pirandel é um ex-assistente do presidente da Eletronorte, Roberto Garcia Salmeron, que ocupa este cargo também indicado pelo PTB e apontado pela reportagem da revista Veja como pessoa chave no esquema de corrupção.

Um ex-integrante da diretoria de Furnas, que preferiu não se identificar, contou que também existe um esquema de caixinha para partidos na estatal de energia elétrica. "A caixinha está ficando descarada. Ela acaba com o parlamento e assim o País vai para o brejo", disse o ex-dirigente de Furnas.

Segundo ele, o presidente de Furnas nada pode fazer para impedir a ação dos corruptos. "Ele é igualzinho à rainha da Inglaterra. É um negócio horrível e, por isso, os partidos brigam por esses cargos", explicou o ex-dirigente.

Ele contou que até mesmo um deputado do PSDB foi convencido a mudar de partido em troca da indicação de um diretor financeiro para o órgão.

Desde que o PT iniciou a distribuição dos 25 mil cargos de confiança, houve um total de 230 mudanças de siglas, envolvendo deputados que trocaram a oposição pelo governo.

O PT foi o maior beneficiário pela distribuição de cargos e funções de confiança por ser o partido do presidente. Disputando o segundo lugar estão o PTB e o PL. Cada partido nomeou cerca de 2 mil filiados para altos postos do governo Lula. O PMDB, por estar dividido, abocanhou apenas 1,5 mil cargos. O restante foi rateado entre os outros partidos da chamada base aliada.