Título: Cassol ameaça com fita desde 2003, dizem parlamentares
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2005, Nacional, p. A5

Segundo eles, governador só começou a divulgar material quando 20 deputados autorizaram STJ a processá-lo

Nilton Salina Especial para o Estado PORTO VELHO O governador de Rondônia, Ivo Cassol (PSDB), começou a dizer que iria divulgar as gravações, no final de 2003, sempre que era contrariado pela Assembléia, mas só começou a repassar o material para a imprensa depois do dia 21 de março, quando 20 deputados autorizaram o Superior Tribunal de Justiça (STJ) a processá-lo por formação de quadrilha e por direcionar licitações a empresas ligadas a ele no período em que era prefeito de Rolim de Moura, entre 1997 e 2002. Na denúncia, apresentada ao STJ pelo Ministério Público Federal, consta que apenas empresas ligadas a Cassol venceram as licitações na prefeitura. O governador alega que sua administração é transparente, e que as acusações foram armadas. O deputado Nereu Klosinski (PT), afirma que a história não é bem essa. "Quem denunciou o governador ao STJ não foi a Assembléia, e sim o Ministério Público Federal", diz. "Agora, tem uma denúncia nossa: essas mesmas empresas continuam vencendo todas as licitações no governo. Cassol não se emendou." Klosinski disse ter identificado quem ele chamou de "PC Farias do governador". Trata-se do contador do Grupo Cassol, Aníbal de Jesus Rodrigues. "Esse cidadão é sócio de uma Pequena Central Hidrelétrica Eletro Primavera, em Alta Floresta, juntamente com César Cassol, irmão do governador", explica. "E também é sócio de 3 das 4 empreiteiras que vencem mais de 50% das licitações para execução de obras no governo. A quarta pertence a Clarice Varichek de Andrade, esposa do secretário de Estado da Fazenda, José Genaro de Andrade." Segundo o deputado, Aníbal de Jesus Rodrigues também é sócio da Organização Rondon, rede de postos de combustível que venceu a licitação para abastecer os veículos do governo."

O deputado Leudo Buriti, (PTB), de 41 anos, disse que outro escândalo envolvendo Cassol é o pagamento a empresa de vigilância de pessoas ligadas ao PSDB, partido do governador. Segundo relatório do Tribunal de Contas do Estado, a empresa Condor recebeu mais de R$ 15 milhões por postos de vigilância em escolas, mas não prestou o serviço. "Tinha escola em que deveria haver três vigilantes, mas só havia um. Em outras, nenhum. Quem diz isso é o Tribunal de Contas."

O deputado Haroldo Santos (PP), disse que outra denúncia contra Cassol que está sendo apurada é a utilização de um helicóptero alugado pelo governo para atirar de metralhadora contra agricultores em Alta Floresta do Oeste. "Há testemunhas de que Ivo Cassol Júnior estava no helicóptero alugado pelo governo quando destruíram um trator dos agricultores a tiros de metralhadora", afirma.

Devido às denúncias contra Cassol, há 2 semanas toda a bancada federal de Rondônia assinou um documento para que a Assembléia Legislativa tome providências contra o governador. Cassol reafirma que tudo não passa de armação.