Título: Governador de RO grava deputados negociando propina
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2005, Nacional, p. A5

Nas imagens, sete parlamentares pedem dinheiro a Cassol para amenizar oposição a seu governo na Assembléia INVESTIGAÇÃO Alexandre Rodrigues RIO O flagrante de deputados estaduais negociando propinas com o governador de Rondônia, Ivo Cassol (PSDB), foi exibido ontem no Fantástico, da Rede Globo. Dizendo-se refém de uma disputa política motivada por esquemas de corrupção, Cassol utilizou uma câmera escondida para gravar as propostas feitas por deputados que lhe fazem oposição na Assembléia Legislativa do Estado e o acusam de não repassar verbas previstas no orçamento de 2004 para os poderes estaduais. Na fita há pelo menos sete dos 24 deputados estaduais pedindo dinheiro e favores. As gravações foram feitas na casa de Cassol.

Um dos deputados que aparece na fita é o vice-presidente da Assembléia, Kaká Mendonça (PTB). Segundo ele, o dinheiro que pediu era destinado à sua fundação e para as emendas que apresentou no orçament.

O primeiro grupo que aparece é formado pelos deputados Ellen Ruth (PP), Ronilton Capixaba (PL) e Daniel Nery (PMDB). Eles pedem um pagamento mensal de R$ 50 mil e afirmam representar um grupo de dez deputados estaduais. Dizem que, se Cassol quiser governar, terá de aceitar as propostas. Ellen chega a insinuar que o governador também está "levando o seu" e, diante da negativa de Cassol, diz: "Mas aí alguém leva como executor. Porque é de praxe. Você não vai consertar o mundo".

Capixaba mostra num papel sobre a mesa o valor da propina e Ellen pede a Cassol que pense como empresário: "Esquece o seu lado governador. O empresário apóia o Capixaba porque quando ele estiver na assembléia, ele quer obra". O programa também exibe imagens dos deputados Emílio Paulista (PPS), Amarildo Santos (PDT) e João da Muleta (PMDB), além de Kaká Mendonça, que fazem propostas semelhantes.

Paulista descreve como o grupo fazia acordo com antecessores de Cassol. Ele faz referência aos ex-governadores José Bianco de Abreu, hoje prefeito de Ji-Paraná, Valdir Raupp, hoje senador, e seu assessor, José de Almeida Júnior. "Sabe o que o Raupp fazia? Através do Almeida? O Almeida pegava R$ 40 mil e dava pros caras. Muito dinheiro, isso", diz o deputado.