Título: Lula receberá MST e vai ouvir ataques à política econômica
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2005, Nacional, p. A10

O Movimento dos Sem-Terra (MST) será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dia 17, em Brasília, logo após fazer um protesto contra a Alca e o imperialismo americano em frente à Embaixada dos Estados Unidos. A programação da Marcha Nacional pela Reforma Agrária, anunciada ontem pelo coordenador Gilmar Mauro, prevê protestos diante da sede do Banco Central, contra a política econômica, e diante do Ministério da Agricultura, contra o agronegócio. Segundo Mauro, os manifestantes vão mostrar que a política econômica do governo Lula impede a reforma agrária e levou ao descumprimento da promessa de assentar 430 mil famílias. Já o agronegócio se beneficia da isenção do ICMS de 18% sobre as exportações e não ajuda a resolver os problemas sociais do País. Na frente da embaixada americana, os sem-terra farão uma performance exigindo, entre outras coisas, a retirada das tropas do Iraque. Lula receberá a comissão de negociação do MST, às 16h, no Palácio do Planalto, e deve anunciar medidas para acelerar a reforma agrária. Integrantes de outros movimentos sociais e da Igreja serão convidados a compor a comissão.

Enquanto isso, os 12 mil sem-terra que participam da marcha estarão concentrados na frente do Congresso Nacional. Lula não deve falar aos manifestantes. "Não pedimos isso a ele". Segundo Mauro, as negociações com o governo foram antecipadas. "Conversamos com a maioria dos ministérios". A marcha entra hoje no Distrito Federal e avança mais 17 quilômetros pela BR-060. O acampamento montado em Alexânia, na Fazenda Ribeirão das Lages, será transferido para um local conhecido como Casa do Índio, no município de Engenho das Lages. Os sem-terra passarão o fim de semana em Taguatinga. Amanhã, acampam nas proximidades da Embrapa e domingo fazem um ato em Taguatinga, na frente da residência oficial do governador Joaquim Roriz (PMDB). A chegada em Brasília ocorre segunda-feira. Ontem não houve marcha e o dia no acampamento foi dedicado a estudos de temas como o agronegócio e a Alca.

O bispo da cidade de Goiás, d. Eugênio Rixen, visitou o acampamento e entregou mensagem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de apoio à marcha. O documento, assinado por d. Geraldo Majella Agnelo,presidente da CNBB, endossa as reivindicações "para uma ordem mais justa no campo e na cidade". A caravana já percorreu 147 quilômetros desde o dia 1.º de maio.