Título: Investidor ainda vê alta de juro
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2005, Economia, p. B3

O resultado positivo da primeira prévia de maio do IGP-M, que teve taxa negativa de 0,03%, foi bem recebido em Wall Street, mas não foi suficiente para reduzir as adesões à corrente das apostas de alta da taxa Selic neste mês pelo Copom. O economista-chefe para mercados emergentes do fundo Alliance Capital Management, James Barrineau, acredita que o Copom irá elevar o juro básico em 0,25 ponto porcentual na próxima semana. Tal aposta foi definida depois do IPCA de abril, que subiu 0,87%. "A inflação corrente tem piorado e as expectativas inflacionárias permanecem bastante elevadas. O Banco Central terá de lidar com a subida consistente do índices cheio do IPCA e também do núcleo", afirmou Barrineau. Ele destacou que a inflação acumulada em 12 meses pelo IPCA, de 8,07%, já está bem acima do teto da meta para este ano, de 7%. De outra parte, a apreciação do câmbio e o fato de o Banco Central não estar comprando dólares levam a crer que a inflação deverá começar a ceder . "Mas neste mês, o fato é que a inflação corrente está bastante elevada e a atividade econômica permanece bastante robusta", ressaltou.

O gestor de fundos do Emerging Sovereign Group, Jaime Valdívia, também acha que a Selic subirá 0,25 ponto. "A inflação medida pelo IPCA subiu de forma agressiva nas últimas 3 semanas, passando de 0,68% para 0,70%, e depois para 0,78%, fechando o mês finalmente em 0,87%. Não apenas o Banco Central não atingirá a meta de inflação para este ano, como a inflação acumulada nos últimos 12 meses está muito acima do teto desta meta, que é de 7%", afirmou.

Para Valdívia, a inflação ao consumidor poderá começar a cair se houver seguidos resultados positivos dos preços ao atacado. Apesar das estimativas de que o índice cheio do IPCA para maio deverá cair fortemente em relação aos 0,87% de abril, ele lembrou que os números do IPCA de maio somente serão conhecidos daqui a um mês. "E não temos idéia de como o núcleo realmente virá. Assim, o Copom terá de lidar com o problema de que a inflação corrente ainda está muito alta e as expectativas inflacionárias estão resistentes", comentou.