Título: A militares, Lula e Palocci repetem: 'Não há dinheiro'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - Preocupado com a crescente mobilização pelo reajuste dos salários dos militares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, para reunião no Planalto, ao lado do comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, e dos representantes dos comandantes da Aeronáutica, brigadeiro Astor Carvalho, e da Marinha, almirante Newton Cardoso. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foi ao encontro para explicar aos militares a situação de caixa do governo e avisou que "não há dinheiro" para o reajuste. A reunião, no gabinete de Lula, durou mais de 3 horas. O presidente reiterou que reconhece que os militares, como os demais servidores, merecem reajustes. Mas repetiu que o governo precisa ter condições para pagar o aumento e que se empenha em criá-las.

Lula e Palocci falaram ainda da possibilidade de atender a pedidos de repasses de recursos, atrasados, para vários projetos, que vão desde o do soldado-cidadão até o de emprego de tropas nos Estados. Mas, na verdade, os militares saíram de mão abanando.

O resultado da reunião deixou os militares "decepcionados". Os comandantes terão dificuldade em repassar à tropa que o governo ainda procura fontes para cumprir promessa de pagar a segunda parcela do reajuste de 23%, que deveria ter sido paga em março. O problema maior é que não há expectativa de quando e se será possível atender o prometido.

As declarações do secretário-Executivo do Ministério da Fazenda, Bernardo Appy, de que não havia nenhum estudo na área econômica sobre o aumento dos militares desagradaram ao presidente Lula e motivaram a convocação dos comandantes para a reunião. Assim, Lula, pessoalmente tentaria lhes mostrar que existiriam esforços para o governo em encontrar os recursos.

Mas a situação é delicada porque os comandantes ficaram expostos, depois que anunciaram aumento à tropa após compromisso assumido pelo ex-ministro da Defesa José Viegas, em meados do ano passado. A demora em resolver o assunto e a forma como está sendo tratado, na avaliação de militares, provocam desgaste desnecessário. Além disso, os comandantes estão preocupados porque as relações entre militares e governo, até então muito boas, estão sendo minadas.