Título: Presidente do BC faz 'visita de cortesia' a Jobim no Supremo
Autor: Sheila D' Amorim e Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2005, Nacional, p. A11

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi ontem ao gabinete do presidente do STF, Nelson Jobim, se colocar à disposição para qualquer esclarecimento. O encontro, segundo o advogado de Meirelles, Cláudio Fruet, durou menos de meia hora e foi marcado a pedido do próprio presidente do BC antes de sair a autorização para abertura de inquérito na última quinta-feira. No entanto, a visita não constava da agenda de Jobim, que teve de sair antes do previsto de um seminário para receber Meirelles. O presidente do BC chegou ao prédio do tribunal um pouco depois do meio-dia e entrou pela garagem. Meirelles não foi acompanhado de seus advogados. Mas, à tarde, se reuniu com os advogados no prédio do BC para fazer uma avaliação do processo e da conversa com Jobim.

"Foi uma visita de cortesia para dizer que ele (Meirelles) está à disposição e que não vai se negar a prestar esclarecimentos", confirmou Fruet.

No encontro com Jobim, a conversa passou, também, para os temas econômicos. O presidente do Supremo "entrevistou" Meirelles a respeito de questões econômicas. Bastante à vontade, Meirelles conversou por alguns minutos com o presidente do STF sobre os principais indicadores macroeconômicos do Brasil. No final do dia, o presidente do BC seguiu para São Paulo acompanhado por Roberto Pasqualin, do escritório Demarest & Almeida, um dos responsáveis pela defesa.

'ACABOU A BRINCADEIRA'

Com a decisão do Supremo de abrir investigação oficial para apurar as denúncias de sonegação fiscal, evasão de divisa, lavagem de dinheiro e crime eleitoral, Meirelles aposta na agilidade da Receita Federal e do próprio BC para que as diligências ocorram o mais rápido possível. Os seus advogados decidiram adotar uma estratégia que permita agilizar o andamento do processo, à medida que for possível. Por exemplo, estão dispostos a adotar uma postura agressiva e responder prontamente qualquer nova questão que venha a surgir. Mais do que isto: serão firmes na cobrança de providências caso ocorra vazamento de informações protegidas pelo sigilo de Justiça, sob o qual o processo será conduzido. "Agora a brincadeira acabou", afirmou Fruet, referindo-se a dados particulares de Meirelles, como testamento e montante do patrimônio, que deveriam ser mantidos em sigilo e foram divulgados pela imprensa recentemente.

"Não vamos deixar passar uma oportunidade de colocar a nossa posição", completou Pasqualin, que trabalha com Meirelles há pelos menos cinco anos. Segundo ele, as acusações feitas pelo Ministério Público não se sustentam. "Temos convicção da conduta acertada do presidente do BC."

O presidente do BC se ressente do fato de que as acusações afetam sua imagem e, conseqüentemente, a da instituição que preside. Mas insiste que está tranqüilo e sereno em relação ao processo.