Título: Campanha de Chirac pelo 'sim' dá resultado
Autor: Reuters, EFE, AP, AFP e DPA
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2005, Internacional, p. A20

PARIS - A intensa campanha do governo francês em favor da aprovação da Constituição da União Européia (UE) no referendo do dia 29 começa a surtir efeito entre o eleitorado francês que, em sua maioria, rejeitava o texto no início do mês. As últimas pesquisas de opinião já apontam vitória do "sim". Se o referendo fosse realizado hoje, a Carta européia seria aprovada com 52% dos votos. É o que revela sondagens feitas pelos institutos TSN-Sofres/Unilog para o jornal Le Monde, a rádio RTL e a rede de televisão LCI. Votariam "não" 48% dos eleitores. O número dos que se declararam indecisos ainda é expressivo: 27%.

Segundo o jornal Libération, o presidente Jacques Chirac decidiu deixar para junho todas as questões espinhosas que, de alguma forma, possam servir de argumento para os partidários do "não". Privatizações polêmicas e mudanças previstas no sistema de transportes urbanos devem aguardar outra oportunidade para serem implementadas. Os ministérios reduziram suas atividades de forma muito significativa, enquanto, em Bruxelas, a Comissão Européia (órgão executivo da União Européia) também aguarda a realização da consulta popular francesa para a adoção de algumas medidas consideradas impopulares.

A campanha pelo "sim", lançada pelo governo e apoiada por um grande número de partidos políticos, conta com a simpatia de vários setores da sociedade - empresariado, ONGs e até representantes da classe artística.

Ainda ontem, o ministro do Interior, Dominique de Villepin, voltou a advertir o eleitorado, afirmando que o governo não dispõe de nenhum plano alternativo, caso o texto constitucional venha a ser rejeitado.

"Não há plano B, haverá um plano zero... Será um caminho muito doloroso para a França", acrescentou.

Os partidários do "sim" estão utilizando a campanha para divulgar uma lista dos partidários do "não", na qual colocam lado a lado o Partido Comunista, a ultradireita de Jean-Marie Le Pen, boa parte dos sindicatos e uma facção do Partido Socialista.

Por outro lado, o Conselho de Estado rejeitou ontem um recurso apresentado por 22 deputados esquerdistas que exigem o corte imediato dos fundos utilizados pelo governo conservador na campanha oficial em favor do "sim". Alegaram que a campanha, dirigida por Chirac tem claros propósitos políticos.

Os juízes concluíram que os argumentos apresentados pelos deputados oposicionistas não têm fundamentos.