Título: Filial da Petrobrás sofre ataque com dinamite na Bolívia
Autor: Reuters, AP e France Presse
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2005, Internacional, p. A22

LA PAZ - Uma pequena carga de dinamite foi detonada ontem na sede da Petrobrás em Santa Cruz de La Sierra, leste da Bolívia, sem causar vítimas, pouco depois de o governo suspender uma reunião para analisar uma polêmica lei de hidrocarbonetos, aprovada semana passada pelo Congresso. A explosão ocorreu aproximadamente ao meio-dia ao lado do automóvel de um funcionário da Petrobrás. Inicialmente acreditou-se tratar-se de um carro-bomba. Outros veículos também foram danificados. A autoria do atentado foi imediatamente reivindicada por um grupo que se identificou como Frente Patriótica Anticorrupção. Por meio de um vídeo enviado a emissoras de TV, o grupo prometeu realizar outros ataques até conseguir "que o petróleo boliviano seja explorado pelo Estado boliviano". No vídeo, um homem encapuzado ao lado de outros dois lê um comunicado: "É lamentável a situação que os bolivianos estão vivendo: a má administração pública, a corrupção - junto às transnacionais - estão deixando o país na miséria."

O ministro de Governo (Interior), Saúl Lara, disse que para o governo, o atentado estava ligado "a um conjunto de ações que buscam desestabilizar não apenas o governo, mas também o sistema político em seu conjunto, como é a democracia".

A explosão ocorreu em meio a novos conflitos políticos na Bolívia e protestos sobre uma nova lei de hidrocarbonetos, que o Congresso aprovou e o presidente Carlos Mesa se negou a promulgar esta semana.

A Petrobrás é uma das 12 companhias estrangeiras que seriam afetadas pelo aumento de impostos estabelecido pela nova lei. Além de explorar reservas de petróleo e gás natural do sudeste boliviano, a Petrobrás tem uma rede de postos de gasolina nas principais cidades da Bolívia.

O governo anunciou ontem a suspensão de um diálogo nacional sobre a polêmica lei - convocado para segunda-feira por Mesa - por causa do rechaço de vários setores, entre eles o Congresso e a Suprema Corte. Mesa vetou a nova lei e a qualificou como "confiscatória" por criar um imposto não dedutível de 32% sobre o valor da produção, além dos 18% de royalties já existentes. Numa curta nota oficial, a Petrobrás qualificou o ataque como "um ato isolado".