Título: Poeira de ruas sem pavimentação é a segunda maior fonte de poluição do ar
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2005, Vida&, p. A27

RIO - A poeira das ruas sem pavimentação incomoda muito mais do que possam imaginar os moradores dos bairros abastados das grandes cidades que vivem em busca da paisagem bucólica e estrada de terra. Depois das queimadas, as vias não pavimentadas são a maior causa de poluição do ar entre os 1.224 municípios (22% do total) que registraram ter poluição atmosférica intensa. A poeira está na frente da atividade industrial como poluente da atmosfera. Naturalmente, trata-se de um problema de pequenos e médios municípios, mas espalhado pelo País inteiro: em apenas cinco Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Alagoas e Amazonas), as ruas sem asfalto não estão entre os três principais causadores da poluição do ar. A queixa é constante nos municípios de até 100 mil habitantes, diz o estudo.

O estudo do IBGE aponta dados do Anuário Estatístico dos Transportes 2001, segundo o qual a malha rodoviária brasileira ultrapassava 1,7 milhão de quilômetros, sendo menos de 10% pavimentados. No Rio e em São Paulo, a atividade industrial entra no lugar das vias não pavimentadas como fator de poluição do ar.

Nos dois Estados, as queimadas também são fonte de poluição atmosférica. A diferença é que São Paulo aponta a agropecuária como atividade que contribui para a poluição, por causa da pulverização de agrotóxicos como herbicidas e inseticidas, enquanto o Rio culpa o excesso de carros, por causa da emissão de monóxido de carbono.

Uma queixa menos freqüente, mas motivo de grande preocupação no poder público, são os odores provenientes do lixo, que também é o principal causador da contaminação do solo, problema registrado por um terço dos municípios.

Queimadas e desmatamentos são mais uma vez os vilões entre as cidades que têm áreas protegidas por lei, mas não conseguem evitar a degradação ambiental. Elas são 20% do total. Outro fator preocupante, especialmente nos grandes centros urbanos, é a ocupação irregular, que em geral dá origem a pequenas favelas.

Nove em cada dez municípios de mais de 500 mil habitantes registraram a ocorrência de ocupações irregulares "em áreas frágeis". Nestes casos, além da vegetação devastada, esgoto e lixo tomam conta das áreas que deveriam estar protegidas.

Os prefeitos queixam-se também da ocupação ilegal para plantio e extração mineral e pesca não autorizadas. Nas cidades de até 5 mil habitantes, a caça de animais silvestres está entre os principais fatores de agressão às áreas protegidas.