Título: Editoras já festejam sucesso de público
Autor: Beatriz Coelho Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2005, Caderno2, p. D2

RIO - O cirurgião plástico Ivo Pitanguy fez rir com os casos de sua amizade com o escritor Fernando Sabino, desde a adolescência, em Belo Horizonte. Os jornalistas e produtores Nelson Motta e Ezequiel Neves enfeitiçaram a garotada falando sobre seu ofício, os poetas Claufe Rodrigues, Cláudia Roquette Pinto, Francisco Bosco encantaram com a produção recente. Pelos corredores, 8.500 pessoas circulavam entre os stands de 944 expositores da 12.ª Bienal Internacional do Livro do Rio (leia mais na pág. 3), aberta na quinta-feira. O presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Paulo Rocco, comemora o sucesso do primeiro dia. "Em termos de público e institucionais, é nota 10. As editoras e livrarias mais representativas do País estão aqui", comentava Rocco, quinta-feira, no fim do dia. Ele só lamentava a ausência do primeiro escalão do governo federal. "O presidente da República e os ministros da Educação e da Cultura alegaram outros compromissos, mas vir aqui seria uma prova de apreço ao livro e à cultura."

Espera-se que hoje e amanhã 100 mil pessoas passem pelo Riocentro. Os franceses não entendem como e por quê. "Se é verdade que cada brasileiro lê um só livro por ano, como se explica tanta gente num evento dessa proporção?", pergunta o ilustrador Stéphane Heuet, que transpôs Marcel Proust para os quadrinhos. A resposta vem da coordenadora da programação cultural, Rosa Maria Barbosa Araújo. "Os escritores viraram ídolos e a Bienal proporciona o encontro deles com o público."

Hoje, a partir das 12 horas, tem conversa para todo gosto. Cora Ronai, Daniel Pellizzari e Denise Scchitine falam sobre literatura online, o ex-guerrilheiro Fernando Gabeira discute os sonhos da juventude com Luiz André Alzer e Márcio Souza (autor de Mad Maria), o sambista e escritor Nei Lopes e o ex-político e historiador Ronaldo Costa Couto falam sobre memorialismo. O debate entre o humorista e escritor Millôr Fernandes e Heuet deve ser dos mais concorridos.

Amanhã é dia da França. Às 12 horas, Gilles Lapouge e o teórico da comunicação Dominique Wolton se interrogam se ainda existe um modelo de cultura francesa. O ponto alto é a homenagem a Jean-Paul Sartre, cujo centenário de nascimento se comemora neste ano, com leitura de trecho de sua obra pela atriz Júlia Lemmertz.

A programação cultural é vasta, mas o público gosta mesmo é de passear entre os stands, mexer com os livros e, se possível, comprar, pois os preços não são diferentes dos encontrados nas lojas nos dias comuns. Mesmo assim, a Bienal espera vender 1,6 milhão de livros até o dia 22. Na segunda-feira, o público pagante é menor, mas em compensação as visitas escolares lotam os três pavilhões do Riocentro. Das 600 mil pessoas esperadas para os 11 dias do evento, um terço é de alunos de escolas.