Título: Ninguém quer cuidar da Febem
Autor: Bárbara Souza
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2005, Metrópole, p. C6

Ninguém quer a Febem. Foram duas tentativas e duas recusas na mesma semana, apesar dos convites do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O primeiro nome, ligado ao secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro, era do adjunto da pasta, Marcelo Martins de Oliveira. Ele teria sido uma sugestão do vice, Claudio Lembo (PFL), mas recusou. À reportagem do Estado, Oliveira negou ter sido convidado. O outro nome era ligado à educação. A socióloga Maria Helena Guimarães de Castro, secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, deu ontem seu não ao governador. Maria Helena, que foi braço direito de Paulo Renato Souza quando ele era ministro, também nega que tenha sido sondada.

Também foi de Lembo a sugestão do advogado Hédio da Silva Júnior, coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP), para assumir a Secretaria de Justiça. Os dois cargos são ocupados por Alexandre de Moraes, que se desliga das funções na segunda-feira, quando Hédio toma posse na secretaria. Moraes assume uma vaga no Conselho Nacional de Justiça. Não se sabe se até lá o governador terá um substituto nem se o atual vice da Febem assume interinamente.

A instituição é considerada o principal problema da gestão de Alckmin, um dos prováveis nomes do PSDB para disputar as eleições presidenciais de 2006. Só este ano, a fundação registrou 1.006 fugas - com 507 recapturados - e 26 rebeliões. Quinze motins ocorreram no Complexo do Tatuapé, com 515 fugitivos. Com esse quadro, o PT deve atacar o governo paulista em suas propagandas na TV, a partir de junho.

PANELAÇO

Ontem à tarde, cerca de 400 funcionários fizeram uma manifestação, batendo panelas, na frente do Palácio dos Bandeirantes, após a libertação dos 17 funcionários que estavam presos desde o dia 13 de janeiro, acusados de torturar adolescentes da Febem de Vila Maria.

Um dos diretores do sindicato que representa a categoria, Antônio Gilberto da Silva, foi recebido pelo chefe de gabinete da Secretaria de Justiça, André Luiz Lopes dos Santos, e pelo diretor Jurídico da Febem, Hamilton Ymoto. "Basicamente, nós falamos e eles ouviram", disse outro diretor do sindicato, João Faustino Colombo Pereira.

No documento entregue ao governo, os sindicalistas pedem a abertura para negociações com os funcionários e destacam que, para dar certo, "qualquer medida governamental necessita de apoio e participação dos trabalhadores, que garantem, quando convencidos e respeitados, a implantação de projetos sérios para a solução dos problemas".