Título: Efeito China faz petróleo recuar 4,5% na semana
Autor: Dow Jones Newswires, Reuters, AP, AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2005, Economia, p. B3

NOVA YORK - Apesar da pequena alta de ontem, a semana foi de queda para o petróleo, que chegou na sexta-feira cotado a US$ 48,67 o barril, um recuo de 4,5% em relação ao preço de uma semana antes. Mas os analistas lembram que os preços ainda estão cerca de 20% mais altos do que estavam há um ano. Os especialistas não chegam a um consenso se os próximos pregões serão de alta ou de baixa. "O mercado global continua extremamente tenso", admitiu Ian Henderson, da administradora JP Morgan Fleming. Mas praticamente todos concordam que as previsões do barril a US$ 60 são exageradas. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), os contratos de petróleo para junho fecharam ontem em US$ 48,67 o barril, alta de 0,27%. Na Bolsa Internacional de Petróleo (IPE), em Londres, os contratos de petróleo Brent para junho fecharam em US$ 48,15 o barril, avanço de 2,1%. "Não vamos tirar muitas conclusões de um aumento de US$ 0,13 (em Nova York), foi um pregão com pouco volume de transações e os operadores voltaram a comprar após a forte queda de quinta-feira", declarou Mike Fitzpatrick, analista da corretora Fimat.

As principais causas para essa temporada de baixas têm sido o aumento das reservas dos Estados Unidos, a diminuição da demanda da China e o fortalecimento do dólar.

O relatório mensal da Agência International de Energia (AIE), divulgado há poucos dias, informou que a demanda por petróleo da China desacelerou de forma acentuada no primeiro trimestre em comparação com igual período de 2004, para um crescimento de apenas 4,5% ante uma taxa de 19,3% do ano passado. A demanda por petróleo na China cresceu 280 mil barris por dia no primeiro trimestre. A previsão de crescimento de demanda para o ano foi reduzida para 7,4%, de uma taxa de expansão de 15,6% registrada em 2004. O país é o segundo maior consumidor de petróleo do mundo, só perdendo para os Estados Unidos.

Na quarta-feira, o governo americano informou que os estoques comerciais de petróleo bruto cresceram para o nível mais elevado em três anos, o que provocou uma queda de mais de US$ 4.

Os ganhos do dólar em relação às principais moedas esta semana também alimentaram o movimento de baixa do petróleo, que por ser denominado em dólar freqüentemente se move em direção inversa a moeda.

Mas, segundo o analista Scott Meyers, da corretora Pioneer Futures, a queda "pode ter sido um pouco exagerada". Para ele, "o fechamento positivo pode possivelmente servir como um catalisador para novos ganhos na próxima semana."

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) fará uma reunião no próximo mês e já se especula que o cartel vai cortar sua produção a fim de evitar que os preços caiam mais. Entretanto, muitos especialistas descartam essa hipótese. O analista Adam Sieminski, do Deutsche Bank, prevê que, em julho, o barril estará entre US$ 40 e US$ 50 . Segundo ele, os preços "vão cair até onde os sauditas (maiores produtores da Opep) se sintam confortáveis e vão parar de cair quando os sauditas ficarem desconfortáveis".