Título: Grupo de 270 atores promete 'guerrilha teatral' em Brasília
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2005, Nacional, p. A4

O MST leva na marcha 270 atores e figurantes para as apresentações e performances que vai realizar em Brasília. O grupo teatral do movimento é coordenado pelo jornalista Rafael Villas Boas, de 26 anos, mestre em comunicação pela Universidade de Brasília. Villas Boas integrou-se ao movimento em 2001, depois de uma parceria com Augusto Boal, do Centro de Teatro dos Oprimidos, do Rio Grande do Sul, que forma militantes. Foi ali que nasceu a Brigada Nacional Patativa do Assaré, para levar a arte da representação aos movimentos sociais. Durante a marcha, o grupo fez apresentações de radioteatro e montou peças para as crianças. "Em Brasília, terça-feira, vamos realizar uma guerrilha teatral, apresentando seis peças conjuntamente", conta. À tarde, haverá o que chama de teatro-procissão na Esplanada dos Ministérios. Será montada uma via-sacra política com quatro estações. O Balé do Genocídio mostrará o processo de formação do Brasil utilizando 12 bonecos gigantes, representando o índio, o negro e o português. A peça Falsas Promessas terá uma espécie de luta de boxe, na qual se defrontarão figuras representativas do agronegócio e da agricultura familiar. Um juiz mediará o confronto. A estação Imperialismo e Política Externa do Brasil terá um boneco do presidente norte-americano George W. Bush e um globo que se abre. Outra apresentação terá como tema a Violência do Estado na Curva do S e vai tratar do massacre de sem-terra em Eldorado dos Carajás. "Vamos reproduzir a sessão de um tribunal, na qual o réu será um sem-terra que escapou porque se fingiu de morto." Segundo ele, o sem-terra será julgado por "falta de solidariedade" com os que morreram. Villas Boas diz que a arte não é urbana. "Estamos trabalhando para vincular a experiência teatral urbana com o meio camponês."