Título: Cenas de peronismo explícito de Kirchner miram calendário eleitoral
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2005, Nacional, p. A8

Néstor Kirchner é considerado um fenômeno sui generis da política argentina. Em 2001 era um obscuro governador da remota província de Santa Cruz, na gélida Patagônia. A maioria dos argentinos nem sequer tinha ouvido falar dele. Quatro anos depois, tornou-se o mais poderoso presidente civil argentino da história. Controla a Câmara, o Senado, a maioria dos governadores, a Corte Suprema. E, segundo pesquisas, teria 73% de aprovação. Apesar das aparências, o poder de Kirchner tem bases fracas em terreno arenoso. El Pingüino foi apadrinhado pelo ex-presidente Eduardo Duhalde, mas era sua terceira opção. Com a renúncia de Carlos Menem no segundo turno, Kirchner - o presidente menos votado da Argentina - venceu. Mas, sua baixa votação ainda é um fantasma e o ex-padrinho Duhalde é um incômodo rival na poderosa província de Buenos Aires. Sem o território bonaerense, Kirchner não poderá consolidar o poder, e dependerá sempre de Duhalde. Assim, precisará vencer nas eleições parlamentares de outubro. Uma forma de angariar votos é posicionar-se como um "duro" perante o Brasil.