Título: Testemunha que acusava Garotinho diz que mentiu
Autor: Rodrigo Morais
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2005, Nacional, p. A11

RIO - Uma das principais testemunhas contra o presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, o ex-candidato a vereador pelo PL Jocinaldo Elias da Silva resolveu, ontem à noite, alterar completamente sua versão sobre o suposto esquema de compra de votos em Campos dos Goytacazes. Em uma declaração registrada em cartório, Jocinaldo afirma que suas declarações anteriores envolvendo Garotinho e a governadora Rosinha Matheus são inverídicas. Por meio da nota, ele também diz que não mais autoriza a divulgação de entrevistas que concedeu nem a veiculação de sua imagem. Conhecido como Naldinho, o ex-candidato contou com detalhes, em entrevistas para diversos jornais e emissoras de tevê na segunda-feira, como Garotinho teria presidido pelo menos duas reuniões em que o esquema de compra de votos por R$ 50,00 teria sido acertado. Disse inclusive onde os encontros aconteceram: o Clube de Diretores Lojistas.

Naldinho chegou a exibir para fotos os 200 comprovantes de votação que seriam de eleitores comprados e recibos de pagamento. Disse ainda que resolveu denunciar o caso porque não recebeu do PMDB o dinheiro prometido.

Naldinho havia dito também que ontem entregaria as provas ao Ministério Público. Mas isso não aconteceu. Há relatos de que ele teria mudado de idéia após uma conversa com José Antônio Barbosa Lemos, dono da Rádio Campos Difusora, ex-prefeito de São Francisco de Itabapoana e aliado do casal Garotinho. Por volta das 21 horas, a assessoria de Garotinho passou a telefonar para as redações dos jornais informando que Naldinho se retratara. A própria assessoria do secretário enviou o fax com a declaração do ex-candidato.

Ontem, Garotinho citou os juízes Nicolau dos Santos Neto, envolvido em desvio de verbas públicas, e João Carlos da Rocha Mattos, preso na Operação Anaconda, para afirmar que a Justiça "não é infalível". "Se os juízes fossem infalíveis, não existiria o Nicolau, o Rocha Mattos e tantos outros. A Justiça também comete seus erros." Ele negou ter feito ofensas pessoais à juíza da 76.ª Zona Eleitoral de Campos, Denise Appolinária, mas voltou a acusá-la de ter interesses político-partidários e de ter sido injusta em sua sentença.

Na semana passada, a juíza declarou o casal Garotinho inelegível até 2007 por uso da máquina pública na eleição em Campos. Ela também cassou o mandato do prefeito de Campos, Carlos Alberto Campista (PDT), e de seu vice, Toninho Viana. Tornou inelegíveis ainda o candidato do PMDB à prefeitura, Geraldo Pudim, e o ex-prefeito Arnaldo Viana.

Ontem o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) negou o pedido de liminar feito pelo prefeito cassado. Campista queria suspender o efeito de decisão da juíza Denise Appolinária e retornar ao cargo. O juiz Márcio Aluízio Pacheco de Melo, relator do processo, afirmou que a liminar "afrontaria a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do próprio TRE".