Título: Lojas especializadas garantem a manutenção
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2005, Economia, p. B6

As batidas das teclas das máquinas de escrever perderam força para o processamento ágil e silencioso do microcomputador, mas a venda do produto sobrevive na região da Praça da Sé, no centro de São Paulo. Lojas da Rua do Carmo e adjacências atraem compradores de todo o País, mesmo com as máquinas de escrever em extinção. A região é referência no comércio de máquinas de escrever novas e usadas desde a década de 1970. O empresário Artur Condez, da Global, atua no ramo há oito anos e diz que o mercado é estável. "Enquanto existirem máquinas usadas para venda, haverá compradores", afirma. "Vai chegar um momento em que o produto vai faltar".

Embora não saiba exatamente o número de máquinas do depósito, Condez estima ter mais de 2 mil. Os leilões públicos garantem a recomposição do estoque da loja. A Global comercializa em média 50 máquinas de escrever por mês. O produto mais procurado é a Olivetti Linea 98, com preço em torno de R$ 120. As lojas da região atendem a pedidos de revendedores de outras partes do País. "Vendo para muitos Estados. Distribuo máquinas para o Sul até o Maranhão", diz Condez. A Global já exportou máquinas de escrever. "Mandei 40 peças para a África recentemente."

A manutenção dos equipamentos está garantida na região. O mecanógrafo Joaquim de Jesus Fernandes, de 62 anos, trabalha no conserto e restauro de máquinas de escrever há 48 anos e aprendeu o ofício com o irmão mais velho. Atende em média 25 pedidos por semana.

O conserto, segundo Fernandes, pode ser concluído em 48 horas. No entanto, o restauro de uma máquina de escrever antiga requer empenho do mecanógrafo. "A restauração dá uma mão-de-obra incrível e pode durar meses. Tenho de deixar a máquina funcionando novamente. Sem contar que existe o valor sentimental do dono pela peça."