Título: Ministro diz ao `FT¿ que não relaxará meta
Autor: Rita Tavares
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2005, Economia, p. B1

INFLAÇÃO: O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse em entrevista ao jornal inglês Financial Times que o governo não deverá relaxar as metas inflacionárias para 2007 dos atuais 4,5% ao ano, mas avisou que não "antecipará" sua decisão. Segundo o ministro, não há uma "perspectiva a priori" de elevar os níveis de tolerância inflacionária dos atuais 2 para 2,5 pontos porcentuais e abaixo do centro da meta, como alguns economistas do PT vêm sugerindo. "Eu não gosto da idéia", disse Palocci. "Eu não me identifico com aqueles que acreditam que um pouco mais de inflação gera um pouco mais de crescimento. No caso do Brasil, essa teoria já provou ser errada e eu não estou preparado para tentar isso novamente." Palocci admitiu que a política de crédito expansionista do governo, adotada no ano passado, contribuiu inicialmente para a pressão inflacionária. "No início, a expansão do crédito coloca pressão sobre a política monetária, mas no médio e longo prazos ela é boa para a economia." Segundo ele, o acesso a crédito de baixo custo é uma política-chave na busca da justiça social. O ministro também disse ao FT que não está preocupado com a cotação do real. Mas não descartou a possibilidade de a moeda brasileira se desvalorizar gradualmente por causa de uma redução do superávit comercial nos próximos meses. "Se a moeda realmente se valorizar além do que os fundamentos sugerem, o comércio externo vai ajustar isso." O ministro previu um relaxamento da política monetária ainda neste ano e disse que o governo vai continuar buscando metas inflacionárias agressivas até 2007. "O cenário é que a política de juros vai se tornar menos restritiva neste ano." Questionado se as taxas cairiam neste ano, respondeu: "Essa é a perspectiva." Segundo o FT, Palocci indicou que o pior da inflação pode ter acabado.