Título: Decisão sobre juro é cercada de incertezas
Autor: Rita Tavares
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2005, Economia, p. B1

Economistas e analistas do mercado financeiro consideram a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que termina hoje, uma das mais difíceis dos últimos meses. Há argumentos tanto para elevar os juros como para manter a Selic nos atuais 19,5%. O que causa enorme incerteza entre os profissionais no momento de fazer suas projeções. Defensores do aperto monetário argumentam que a inflação atual está muito acima da meta e as expectativas de inflação para 2005 não param de subir. Já os defensores da redução ou manutenção da Selic afirmam que o BC deve considerar a defasagem da política monetária e esperar até que a alta dos juros faça efeito.

O principal executivo do HSBC no Brasil, Emilson Alonso, acredita que a Selic será elevada em 0,25 ponto porcentual, mas não concorda com a decisão. Na avaliação dele, a inflação não pode ser combatida apenas com juros, mas com uma revisão da política fiscal. Para Alonso, os gastos públicos crescentes precisam ser controlados e reduzidos. "A taxa de juros está matando a economia do País, diminuindo o nível de empregos e renda."

Na opinião de Roberto Padovani, sócio da Tendências Consultoria Integrada, o Copom deveria manter os juros no nível atual, porque o ritmo de crescimento da atividade já está caindo. Além disso, apesar de as expectativas de inflação em 2005 (6,39%) estarem bem acima da meta, as previsões para a inflação dos próximos 12 meses estão comportadas (5,46%). Mas o economista afirma que a inflação atual é bastante preocupante, o que seria uma justificativa para o BC elevar os juros.

Para Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), não há como cumprir a meta deste ano, então não faz sentido continuar elevando os juros. "Os juros sempre podem controlar a inflação, mas a que custo? Para controlar a inflação de commodities que nós temos, seria necessário uma enorme elevação de juros, que iria atingir a atividade."

O economista da GAP Asset Management, Alexandre Maia, ressalta que, apesar da queda do câmbio, petróleo e preços no atacado empurrarem as projeções para baixo, há uma grande incerteza no mercado em relação à velocidade da queda da inflação.