Título: Varig sugere fundo gerido pelo BNDES
Autor: James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2005, Economia, p. B16

BRASÍLIA - Além da portuguesa TAP, com quem iniciou negociações esta semana, a Fundação Ruben Berta (FRB) quer atrair um outro grupo de investidores brasileiros que poderiam adquirir o controle da aérea, hoje nas mãos da fundação. O presidente do Conselho de Curadores da FRB, Ernesto Zanata, informou ontem, depois de uma audiência pública no Senado sobre a situação da empresa, que o BNDES poderá ser o gestor deste fundo. "Será um meio de disponibilizar um bloco de controle da Varig para mostrar a boa vontade da fundação com a operação", afirmou Zanata. "Vamos levar o plano ao BNDES para que ele seja o gestor até que a operação se concretize." Zanata não deixou claro qual será o alcance da gestão do banco, mas deu a entender que isso se faria pela sua subsidiária, a BNDESPar. Ele ressalvou que o fundo a ser criado terá que cumprir algumas exigências.

A BNDES Participações S/A (BNDESPar) é um instrumento de investimento do governo e poderia ter participação temporária na reestruturação da empresa. Ao ser questionado sobre a possibilidade de ser criada uma golden share, ação que preserva privilégios de controle em algumas decisões da empresa, Zanata esquivou-se, sem responder.

O grupo que criaria o fundo seria integrado por investidores do setor hoteleiro, bancos e pela própria TAP, que, por ser estrangeira, só pode chegar ao limite determinado pela lei de 20% do capital da empresa. Questionado sobre se haveria investimentos da aérea portuguesa em dinheiro, Zanata assegurou que sim, mas evitou dar detalhes. Como revelou o Estado em sua edição de ontem, porém, a TAP informou, por meio de seu porta-voz, que não vai investir capital próprio na Varig.

A negociação informada por Zanata não convenceu o relator do projeto que institui a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), senador Delcídio Amaral (PT-MS). Argumentando que tanto a TAP como as outras empresas envolvidas na formação do fundo de investimento para a reestruturação da Varig seriam muito pequenas diante do tamanho da empresa brasileira e de seu passivo de aproximadamente R$ 9 bilhões, o senador acha que será necessária alguma solução por parte do governo.

INFRAERO

O presidente da Varig, Henrique Neves, tem uma audiência hoje em Brasília com o presidente da Infraero, Carlos Wilson. A aérea tenta negociar um alongamento do prazo de pagamento das tarifas aeroportuárias, pleito que enfrenta forte resistência no governo. A Varig tem uma dívida de R$ 320 milhões com a estatal, referente ao não pagamento de tarifas desde janeiro de 2004. Por conta desta dívida, desde o início do ano a aérea está obrigada a pagar as tarifas diariamente. Trata-se de uma conta de R$ 1,3 milhão. No final de abril, a Varig ficou uma semana sem pagar. Só voltou a pagar depois que a Infraero ameaçou impedir a decolagem de seus aviões.