Título: Oposição tenta criar CPI para investigar corrupção em estatais
Autor: Eugênia Lopes e Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Nacional, p. A4

Em relação às denúncias sobre o deputado Roberto Jefferson - "Acho coisa meio preparada. Em princípio não acredito, o que o tenho (Jefferson) como um dos grande parlamentares do Brasil. E como se diz, a carne é fraca, e se ele foi fraco em algum momento, eu não acredito." Ainda sobre Roberto Jefferson - "É um dos parlamentares mais atuantes da Câmara e é de um partido com bancada muito expressíva, por isso vamos esperar as denúncias para fazer o julgamento da câmara diretora." Será aberta uma CPI? - Severino acredita que não se deve abrir uma CPI, já que o corregedor é que terá de levantar as denúncias. "A Câmara dos Deputados tem um corregedor do mais alto nível, que é o vice-presidente da Câmara, e irá esclarecer para a opinião pública se existe ou não deslize. Quem vai decidir é o corregedor, o nosso Ciro, o vice presidente da Casa." FINAL BRASÍLIA PSDB e PFL decidiram ontem começar a recolher assinaturas para a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista, com participação de Câmara e Senado, para investigar a denúncia de um esquema de cobrança de propina na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), supostamente operado por funcionários indicados pelo deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente nacional do PTB. A denúncia foi publicada pela revista Veja.

A oposição trabalha para ampliar a investigação, extrapolando - ao contrário do que quer o governo - as esferas do PTB e dos Correios, e envolvendo outras empresas estatais citadas na denúncia, que também abrigariam indicados pelo PTB que seriam integrantes do mesmo esquema. Na fita, o ex-chefe do Departamento de Contratação e Aquisição de Material da ECT Maurício Marinho teria dito que o esquema de corrupção abrangeria também a Petrobrás, BR Distribuidora, Eletronorte e Infraero.

Com essa estratégia, fica claro que a oposição tem como foco da investigação o governo federal e como inspiração básica o caso Waldomiro Diniz. "O PSDB não aceita que o governo procure meramente desviar a atenção para o PTB, como se fosse um caso isolado, quando tudo indica tratar-se de corrupção que se alastra por vários setores do governo", afirmou o líder da bancada tucana no Senado, Arthur Virgílio (AM). Para ele, o ato de corrupção envolvendo funcionários dos Correios é o chamado "fato determinado".

"Mas a investigação abrangerá as empresas estatais também citadas, as quais, por terem autonomia financeira, ficam fora dos cortes orçamentários promovidos pela equipe econômica e, por isso, se tornariam alvos preferenciais de certas práticas escusas", completou o tucano.

O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), que apelidou a comissão de investigação de "CPI da Mesada", fez um alerta: "Os partidos que não assinarem o pedido de abertura da CPI ficarão sob suspeita". O PFL começou ontem mesmo a recolher as assinaturas para a CPI mista "destinada a apurar as denúncias de corrupção nos Correios". O líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro (PE), não viu problemas numa CPI. "Nós vamos esclarecer tudo", disse ele.

A idéia de pedir uma CPI mista evita que o governo obstaculize a instalação da Comissão ao não indicar seus membros. Pelo Regimento do Congresso, se as lideranças não indicarem seus membros, o presidente da Casa tem a prerrogativa de fazê-lo. Para pedir a instalação de uma CPI são necessárias 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara.