Título: Correios abrem sindicância para apurar o caso
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Nacional, p. A5

A diretoria da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) criou uma comissão de sindicância ontem, destinada a apurar todos os fatos relacionados com o caso de corrupção que envolve o PTB, denunciado no fim de semana. A investigação terá de ser concluída no prazo de 30 dias e os resultados dos trabalhos deverão ser informados à Polícia Federal, ao Ministério Público e à Controladoria-Geral da União.

A comissão foi criada em reunião extraordinária da diretoria da ECT, convocada ontem cedo pelo presidente da empresa, ex-deputado João Henrique (PMDB). A diretoria também decidiu "aceitar" o pedido de afastamento do diretor de Administração, Antônio Osório Menezes Batista, que compareceu à reunião especialmente para formalizar esta solicitação, deixando livre a apuração do caso.

A decisão política de tirar do cargo o ex-diretor, que é da executiva nacional do PTB, estava tomada desde a véspera, como sugerira o ministro das Comunicações, deputado Eunício Oliveira (PMDB), ao presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ). Batista foi provisoriamente substituído pelo diretor comercial, Carlos Eduardo Fioravante, suplente do senador mineiro Hélio Costa (PMDB), que passa a acumular as duas funções.

A assessoria dos Correios também informou ontem que Maurício Marinho - o funcionário flagrado relatando o esquema de propinas na ECT que seria comandado pelo PTB - já estava afastado da chefia do Departamento de Contratação e Administração de Material desde quarta-feira. Nesse caso, acrescentou a ECT, a dispensa teria sido motivada por problemas de saúde. A diretoria também acatou o pedido de afastamento do assessor executivo da diretoria de Administração, Fernando Godoy.

CAUTELA

Todas as providências tomadas pela diretoria da ECT foram relatadas pelo presidente da empresa ao ministro das Comunicações ontem cedo. Os dois peemedebistas estão muito cautelosos e evitam comentar o caso que envolve o PTB. A decisão tomada nos bastidores do partido é a de não fazer nenhum juízo de valor sobre o episódio, para não pôr lenha na fogueira que chamusca os parceiros da aliança governista.

O raciocínio que prevalece nesse caso é O de que as indicações dos apadrinhados do PTB foram aprovadas pela Casa Civil. E, como o conselho da ECT só nomeia por orientação do Planalto, não compete aos aliados do PMDB que comandam a empresa assumir o papel do Ministério Público nem tampouco o da Controladoria-Geral da União.