Título: Base do governo está desmontada, diz Severino
Autor: Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Nacional, p. A7

RIBEIRÃO PRETO O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, roubou a cena ontem na abertura da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), com novas investidas contra o governo Lula. Afirmou que a base do governo no Congresso está "desmontada" e, com ironia, pediu ajuda a seu antecessor, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), para recompô-la. "Presidente João Paulo, que tem uma força muito grande neste governo do PT, nos ajude. Sei que o governo está precisando de V. Exa. porque a máquina dele na Câmara está desmontada", apelou Severino, entre risos da platéia.

Presente ao evento, João Paulo pareceu constrangido. Severino foi além: bradou que "a Câmara não tem mais tutela". Disse que a pauta de votações é feita com oito dias de antecedência, "para que deputados estudem projetos que serão votados e não cheguem lá sem saber o que estão votando". E concluiu, mais uma vez alfinetando o antecessor: "Agora quem faz a ordem do dia, sem ouvir ministério do Poder Executivo, é a Câmara."

Mais uma vez bateu no excesso de MPs e disse que o Código Florestal vai ser votado "tão logo seja desobstruída a pauta, que está sofrendo conseqüências das famigeradas medidas provisórias".

Em seguida, disse que o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues - que estava presente -, é o melhor do ministério Lula, e repetiu que o pior é Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação. Severino brincou com Rodrigues: "Agora vou lhe (sic) apertar mais. Sei que V. Exa. não é parafuso, mas gosta de um acochozinho. E eu vou acochar para que venha em socorro dos produtores."

Dando seqüência a sua promessa, passou à defesa da agricultura, dizendo que é preciso incentivar pequenos produtores em vez de dar cestas básicas. Inspirado, lançou inopinadamente a candidatura de Paulo Skaf, atual presidente da Fiesp, para a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em seguida, cobrou o preço do empurrão: pediu a Skaf que mande um pouco da riqueza de São Paulo para o Nordeste.

Contou que antigamente, para falar com presidente da Fiesp, era preciso levar um exército e hoje basta um batalhão de garotas bonitas. Antes que pensassem mal de Skaf, explicou, em nova gargalhada da platéia: "garotas bonitas" são as assessoras dele, Severino, que encaminham pedidos de audiência.