Título: Veto a Moraes 'foi coisa pequena, mesquinha', critica Alckmin
Autor: Ana Paula Scinocca , Gustavo Porto , Jane Miklasev
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2005, Nacional, p. A8

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), classificou de "um episódio ruim" a exclusão pelo Senado do nome de Alexandre de Moraes, seu ex-secretário de Justiça, para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "Foi uma coisa pequena, mesquinha", comentou ontem, em visita ao Agrishow, em Ribeirão Preto. "Não foi o Alexandre de Moraes que não foi aprovado. Foi o representante da Câmara, porque o Conselho, por lei, tem um representante da Câmara e um do Senado e ele (Moraes) foi eleito pela Câmara dos Deputados." Companheiro de partido de Moraes, o vice-governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), também lamentou o episódio. Na avaliação de Lembo, o ex-secretário "foi vítima da incapacidade parlamentar do governo federal". E acrescentou: "Foi uma coisa ridícula."

A rejeição de Moraes pelo Senado foi uma revanche do governo à derrota sofrida na Câmara, há três semanas, quando o nome preferido do Palácio do Planalto, o do advogado Sérgio Renault, foi recusado pelos deputados.

O veto a seu nome para o CNJ deixou o ex-secretário de Justiça "arrasado", segundo pessoas próximas. O jovem promotor, de 36 anos, passou o dia de ontem tentando digerir a exclusão feita pelo Senado em manobra inesperada. Preferiu não atender a imprensa nem se manifestar sobre o episódio. "Todos nós ficamos surpresos com a decisão. E ele (Moraes), evidentemente, muito chateado", comentou Lembo. O vice-governador, que falou com Moraes após o nome dele ter sido excluído pelo Senado, destacou que, apesar disso, o ex-secretário continua "firme". "Ele já está pensando no futuro. Quer olhar para a frente."

FUTURO

Ressaltando que não falava em nome do governador, Lembo considerou descartada a hipótese de Moraes voltar à Secretaria de Justiça ou mesmo ocupar a presidência da Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem). Mas destacou que o promotor é "qualificado" para ocupar vários postos, inclusive no governo paulista. Sobre um possível retorno do ex-colaborador, Alckmin disse apenas que vai aguardar o desenrolar do caso no Congresso.

O veto a Moraes também teve repercussão entre entidades da classe. A Associação Paulista de Magistrados divulgou uma nota em repúdio à decisão do Senado.

"Esse fato é demonstrativo de que já na composição desse órgão predominará a influência política, pelo que se justifica a apreensão dos magistrados paulistas ao longo das discussões sobre a oportunidade e a validade da presença de pessoas estranhas à magistratura como integrantes do CNJ", comenta a nota.