Título: Paraná ganhará 5 Unidades de Conservação de araucária
Autor: Cristina Amorim, Herton Escobar
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2005, Vida &, p. A16

Projetos já estão indo para a Casa Civil para virar lei; bioma

está reduzido a menos de 1% da cobertura original no Estado . Os projetos para a criação de cinco unidades de conservação (UCs) sobre áreas remanescentes de floresta de araucária no Paraná já estão a caminho da Casa Civil para serem transformados em lei. A idéia é proteger o pouco que resta do bioma no Estado, que tem a árvore como símbolo. Calcula-se que ele esteja reduzido a menos de 1% da cobertura original em forma primitiva, não descaracterizada pelo homem. Outras três UCs foram propostas para Santa Catarina, mas terão de passar por novas consultas públicas, dada a resistência de alguns setores à sua criação. "Pretendemos criá-las ainda este ano", disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que participou ontem dos eventos da Semana da Mata Atlântica, em Campos do Jordão. "Infelizmente, ainda há mentalidades e autoridades que acham que o pouco que resta é muito a ser preservado."

As cinco UCs paranaenses somam quase 97 mil hectares e as de Santa Catarina, 445 mil hectares. Elas incluem dois parques nacionais, duas reservas biológicas, dois refúgios de vida silvestre, uma estação ecológica e uma área de proteção ambiental (APA).

O que está ameaçado de extinção não é a espécie araucária (a própria cidade de Campos do Jordão está repleta delas), mas o bioma original da mata atlântica que ocorre em torno dela e abriga várias outras espécies. Dos cerca de 200 mil quilômetros quadrados antes ocupados nos Estados do Sul e do Sudeste, as florestas de araucárias hoje estão reduzidas a menos de 3% da sua cobertura original, incluindo florestas exploradas e em processo de regeneração. A maior parte do que se perdeu foi convertido para a agricultura e o cultivo de espécies exóticas do setor de papel e celulose, como eucalipto e pinus.

Representantes da Rede de ONGs da Mata Atlântica comemoraram o anúncio da criação das reservas. "Esperamos muito tempo e trabalhamos muito para que isso fosse realizado", disse a coordenadora-geral da entidade, Miriam Prochnow. Ela fez um apelo para que novas áreas remanescentes de araucárias sejam contempladas no futuro, principalmente no Rio Grande do Sul.