Título: IGP-M tem deflação de 0,09%
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2005, Economia, p. B4

Pela segunda vez uma semana a Fundação Getúlio Vargas (FGV) anunciou deflação em um de seus indicadores. Ontem, ela informou que a segunda prévia do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) de maio teve queda de 0,09%, ante alta de 0,82% em igual prévia em abril, o menor resultado em 22 meses. A primeira prévia do indicador já tinha registrado taxa negativa de 0,03% e os dois resultados foram influenciados por fortes quedas de preços na inflação do atacado. Na segunda prévia, o Índice de Preços por Atacado (IPA), que tem maior peso no IGP-M, passou de 0,96% para queda de 0,52%, também o menor resultado desde julho de 2003, sendo beneficiado pelo recuo de preços dos produtos industriais (de 0,65% para 0,30%) e agrícolas (de alta de 1,88% para queda de 2,91%). Segundo a FGV, a queda dos preços agrícolas no atacado foi a mais intensa em seis anos, ainda influenciada pela valorização do real e pelo término da influência dos problemas climáticos, que causaram perda de várias safras e puxaram para cima os preços do setor.

A deflação na segunda prévia, cujo período de coleta de preços foi do dia 21 de abril para 10 de maio, abre espaço para uma taxa mais baixa do índice fechado do mês. "O IGP-M de maio tem grandes chances de ficar abaixo de 1%", disse o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.

As características da inflação na segunda prévia foram parecidas como cenário já mostrado pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-10) de maio, divulgado na terça-feira, e que teve variação zero, e pela primeira prévia do IGP-M. "Os IGPs atualmente estão em um período de taxas baixas", comentou Quadros. Ele não descarta que essa queda intensa de preços no atacado, mostrada pelos três índices, possa ser repassada para o varejo, no futuro.

Quando questionado se a perspectiva de uma inflação menor no varejo não poderia conduzir a redução no aperto da política monetária, Quadros foi cauteloso. "O fato de se ter IGPs na faixa de zero, com IPAs negativos, tudo isso dá sinais de um potencial alívio na inflação do consumidor. Mas não se sabe em que intensidade esse potencial alívio poderia ocorrer, nem quando."

Na contramão das boas notícias, a inflação do varejo continuou acelerando na segunda prévia, a exemplo do que ocorreu na primeira prévia do IGP-M e no IGP-10 de maio. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu para 0,82% na segunda prévia, ante alta de 0,60% em abril, a maior taxa em 25 meses.

Quadros observou que o IPC ainda sofre influência dos preços administrados, cujos reajustes foram efetuados em abril. As principais pressões foram as altas nos grupos Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,43% para 1,30%), influenciado pelo reajuste no preço de medicamentos (4,18%); e Habitação (de 0,47% para 0,73%).