Título: Crise política e incerteza no país vizinho preocupam Brasil
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Internacional, p. A11

A crise institucional na Bolívia caminha para uma situação insustentável, preocupando o governo brasileiro, informaram ontem fontes de Brasília. O temor é o de que a crise política no país afete empresas brasileiras como a Petrobrás, que tem importantes investimentos na Bolívia. A nova lei de hidrocarbonetos, que cria um imposto não dedutível de 32%, além dos royalties de 18% já existentes, pode ameaçar a produção da Petrobrás, que é responsável por mais de 10% do PIB boliviano. O presidente boliviano, Carlos Mesa, vetou a lei aprovada pelo Congresso, pois não aceita que se obrigue as empresas petrolíferas a mudar seus contratos e adequá-los à nova lei e à cobrança de 32% de impostos não dedutíveis.

Em entrevista coletiva para comentar o resultado da empresa no primeiro trimestre, o diretor financeiro da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, disse que confia nas instituições bolivianas e acredita que funcionários e ativos da empresa estão seguros naquele país, apesar dos protestos contra a exportação de gás natural. "Acompanhamos a situação lá, estamos preocupados, mas ainda não temos nenhuma posição definida", afirmou.

"Mas é claro que podemos mudar a estratégia em função das mudanças legislativas", ressaltou, referindo-se à proposta de aumento de impostos sobre a produção de gás, que pode inviabilizar projetos futuros. A Petrobrás produz cerca de 56 mil barris de óleo equivalente (somado ao gás) por dia na Bolívia, onde ainda controla duas refinarias, gasodutos e uma rede de postos.