Título: Na indústria, recuo de 0,2%
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Economia, p. B1

O número de empregos na indústria caiu 0,2% em março, em relação a fevereiro. Foi a segunda queda consecutiva nessa base de comparação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De janeiro a março, o emprego na indústria recuou 0,1% ante o último trimestre do ano passado - depois de quatro crescimentos trimestrais consecutivos ao longo de 2004. "Os sinais são de que há uma estabilidade no patamar do emprego, não por acaso acompanhando o que ocorreu com a produção. Agora, está rebatendo de maneira mais clara no trabalho", diz o economista da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo. Do terceiro para o quarto trimestre de 2004, a produção industrial desacelerou e deixou de crescer este ano. Com três meses de defasagem, o mesmo movimento acontece agora no emprego industrial.

Comparado ao mesmo mês do ano passado, houve expansão de 2,2% no pessoal ocupado em março - décima terceira taxa positiva consecutiva, mas a menor desde agosto de 2004 (3,1%). O desempenho do emprego no primeiro trimestre, ante o mesmo período do ano passado, ainda mostra crescimento, de 2,7%, mas também indica "movimento bem claro de desaceleração", explica Macedo, já que o avanço nos trimestres anteriores foi maior.

Para o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, os dados do trabalho industrial confirmam o que a produção já vinha sinalizando: "A produção já tinha parado, parou o emprego também".

Cálculo do Iedi mostra que o trabalho na indústria ficou no mesmo nível de dezembro, enquanto a produção está 0,2% menor - variação considerada como estabilidade.

RENDIMENTOS

Os dados positivos no emprego industrial vieram pelo lado dos rendimentos. Em março, a folha real (descontada a inflação) no setor cresceu 1,4% ante fevereiro, pelo quarto mês seguido. O avanço ocorreu em 13 das 14 regiões pesquisadas. Segundo o economista do IBGE, o nível do rendimento em março supera em 7,8% o de novembro. As comparações com o mês anterior, para o emprego e a salários, descontam fatores sazonais.

No primeiro trimestre do ano, o rendimento acumula alta de 3,6% sobre o mesmo período no ano passado. O diretor-executivo do Iedi explica que "pode estar havendo algum movimento de recomposição de algumas categorias com renda maior". Além disso, os acordos levam em conta a inflação passada, maior que a atual. O economista do IBGE complementa que pode estar havendo um ganho real do poder de compra, com a inflação em níveis menores.