Título: Trajetória da Selic confunde mercado
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Economia, p. B4

O mercado financeiro elevou, pela 11.ª semana consecutiva, as estimativas para a inflação deste ano, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na pesquisa semanal Focus, que o Banco Central (BC) faz com mais de uma centena de instituições financeiras. As projeções subiram de 6,30% para 6,39%, enquanto a meta do governo é de inflação de 5,1% no ano. A resistência da inflação divide as apostas do mercado em relação à decisão sobre a taxa de juros, amanhã. O Comitê de Política Monetária (Copom) começa hoje sua reunião mensal. A pesquisa indica que a maioria dos agentes de mercado espera que o juro permaneça em 19,50%, mas boa parcela espera alta de 0,25 ponto porcentual na taxa.

A perspectiva de mais inflação e mais juros afetou as projeções para o crescimento econômico neste ano. Pela terceira semana consecutiva, o Focus reduz a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), agora para 3,50% - na semana passada, a previsão era de 3,60%. No Relatório de Inflação divulgado ao fim de março, o BC trabalhava com estimativa de crescimento de 4%. Mas as previsões de mercado para o aumento do PIB em 2006 ficaram estáveis em 3,50% pela segunda semana consecutiva.

Os defensores da tese de manutenção dos juros apontam a melhora das expectativas de inflação em 12 meses à frente como fator suficiente para evitar novas altas. Estas expectativas foram revistas para baixo na pesquisa divulgada ontem, de 5,85% para 5,46%.

Outra parcela de economistas acredita que o Copom será obrigado a elevar os juros 0,25 ponto porcentual agora, para evitar que a alta da inflação corrente afete as expectativas de mais longo prazo para o comportamento dos preços. Para eles, o Copom pode subir os juros para não colocar em risco o cumprimento da meta de inflação para 2006, de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos porcentuais.