Título: Dirceu pede 'paradeiro' no juro
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Economia, p. B4

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse esperar que o Comitê de Política Econômica (Copom), que se reúne a partir de hoje em Brasília, "dê um paradeiro" na alta da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 19,5%. Segundo relato do presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Ruy de Salles Cunha, com quem Dirceu esteve reunido ontem em São Paulo, por quase 3 horas, o ministro classificou ainda a atual taxa de juros de "elevadíssima". "O ministro está torcendo, como todos nós, para que haja um paradeiro nisso. Mas não se comprometeu (com a queda da Selic), já que nem é da esfera dele", comentou o presidente da Abinee. "Ele reconheceu isso (que o juro atual é elevado) e disse, inclusive, que o governo vive esse dilema, já que a alta taxa de juros traz um ônus para o governo, que tem de pagar o serviço da dívida (interna)", acrescentou Cunha, que comandou a reunião-almoço com o ministro e os integrantes do conselho consultivo da entidade.

Ainda segundo relato do empresário, Dirceu também teria mostrado preocupação com a valorização do real em relação ao dólar, na casa de R$ 2,50. "O ministro disse que o câmbio é um problema posto e ele espera que a situação seja revertida", observou o presidente da Abinee.

Durante a reunião com o chefe da Casa Civil, os empresários se queixaram da taxa de câmbio. Para o setor de eletroeletrônicos, a atual apreciação do câmbio é prejudicial às exportações. A Abinee defende uma taxa de câmbio acima de R$ 2,70.

Os representantes da Abinee também apresentaram ao ministro uma extensa lista de reivindicações. Entre elas, o presidente da entidade destacou a necessidade de mais investimentos em infra-estrutura e uma definição de política industrial que contemple o setor. "Não adianta crescermos na exportação e os caminhões ficarem parados 3 quilômetros na boca do porto", afirmou Cunha.

Dirceu, segundo o presidente da Abinee, informou aos empresários que pediria ao secretário Walter Cover, do Ministério do Desenvolvimento, que incluísse o setor nas câmaras de competitividade. A Abinee, ainda de acordo com seu presidente, solicitou sua inclusão no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).