Título: Lucro do BB cresce 56,7% no trimestre e atinge R$ 965 milhões
Autor: Silvia Fregoni
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Economia, p. B5

O lucro líquido do Banco do Brasil (BB) cresceu 56,7% no primeiro trimestre deste ano ante igual período de 2004, saltando de R$ 616 milhões para R$ 965 milhões. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio ficou em 29,3% e o lucro por ação foi de R$ 1,21 até março. Segundo o presidente do banco, Rossano Maranhão, o crescimento da carteira de crédito foi fator fundamental para o aumento do lucro. O volume total avançou 17,1% e atingiu R$ 93,3 bilhões. Com esse resultado, a instituição consolida a liderança na concessão de crédito no País, com 18,4% de participação no mercado.

De acordo com o BB, o crédito usado pelo cliente pessoa física alcançou R$ 17,1 bilhões, um crescimento de 21,3% em 12 meses. O saldo de operações de pessoa jurídica cresceu 21,4% e atingiu R$ 35,9 bilhões comparado ao primeiro trimestre de 2004.

O crédito consignado foi o destaque da carteira. Embora os volumes de empréstimos ainda sejam baixos na comparação com o estoque total, o crescimento é expressivo. O gerente de Relações com Investidores, Marco Geovanne, afirmou que o crédito consignado no BB atingiu R$ 1,8 bilhão em março, com mais de R$ 550 milhões liberados no trimestre. O avanço em relação ao estoque de março do ano passado foi de 114%.

O presidente do banco disse que em abril foram liberados mais R$ 291 milhões para essa modalidade de empréstimos e que em maio devem ser aplicados mais R$ 410 milhões. "Se mantido o ritmo, devemos fechar o ano com um saldo entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões em crédito consignado", disse Maranhão. As taxas de juros diferenciadas são o estímulo à expansão desses empréstimos. O BB cobra juro de 1,5% ao mês para contratos de até 6 prestações.

O portfólio de empréstimos à pessoa física evoluiu 21,3% em relação a março de 2004, para R$ 17,069 bilhões. A carteira de pessoa jurídica avançou 21,4%, para R$ 35,962 bilhões; a de agronegócios, 18,8%, totalizando R$ 30,774 bilhões. Em contrapartida, a carteira de comércio exterior caiu 5,8% por causa da variação cambial e ficou em R$ 9,457 bilhões.

Maranhão disse que a inadimplência da carteira da instituição deve ficar estável este ano, apesar do crescimento acelerado do crédito e das elevações de juros pelo Banco Central. As operações vencidas há mais de 60 dias representavam 3,1% da carteira do BB em março, uma melhora em relação aos 3,3% de dezembro de 2004. "A expectativa é um comportamento semelhante para os outros trimestres de 2005", disse.

Segundo ele, o banco já adequou a gestão da carteira e da inadimplência nos últimos dois anos, reclassificando operações e constituindo provisões. Com isso, o BB não vê risco de deterioração da qualidade da carteira. Apesar disso, o saldo de provisões para devedores duvidosos foi reforçada em 19,14%, subindo de R$ 4,7 bilhões para R$ 5,6 bilhões.

A expectativa do banco é que a carteira de crédito cresça 20% este ano. Segundo Maranhão, esse crescimento será puxado pelo segmento de varejo, que deve avançar entre 27% e 30%. Para pessoa jurídica, a expectativa é de um aumento de 25%. Já o portfólio de agronegócio deve subir de 15% a 18% no ano.

As receitas de prestação de serviços subiram 13,8% para R$ 1,767 bilhão. O banco obteve lucro operacional de R$ 1,503 bilhão no trimestre, evoluindo 48,6%. Em 31 de março de 2005, o patrimônio líquido do BB era de R$ 14,9 bilhões, um aumento de 17,7% em relação ao mesmo mês de 2004. Os ativos totais somaram R$ 245,7 bilhões.