Título: Lula incentiva exportador a pôr o pé na estrada
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Economia, p. B6

Em seu programa quinzenal de rádio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu às críticas sobre as viagens que fez desde que tomou posse (47 internacionais) e à decisão de realizar, no Brasil, a cúpula América do Sul-Países Árabes. Após dizer que o saldo da balança comercial - "o maior da história" - é a "melhor resposta" aos ataques, ele afirmou que "tem um tipo de gente com a cabeça colonizada, que acha que o Brasil só pode estar subordinado à política dos Estados Unidos ou à da União Européia (UE)". Segundo Lula, o País quer ter "extraordinária parceria" com esses dois blocos, mas precisa ter uma forte relação com China, Índia, Rússia, África do Sul, México e outros. Lula defendeu a ousadia da política externa brasileira e incentivou ministros e empresários a colocarem produtos embaixo do braço e saírem pelo mundo afora. Se não saírem oferecendo seus produtos, ressaltou, não venderão, porque não se pode ficar esperando "que as pessoas venham nos descobrir". "Isso Cabral já fez em 1500", disse, ressaltando que o superávit comercial é de US$ 37 bilhões e as exportações em um ano somaram US$ 104 bilhões.

O presidente aproveitou para atacar o governo passado, dizendo que o País vinha de sete anos consecutivos de déficit na balança comercial e só a partir de 2002 essa tendência foi revertida. Ele defendeu a diversificação de mercados como forma de ampliar o comércio e informou que, com os países africanos, esse número aumentou 48%; com o Oriente Médio, mais de 50%; e com a América do Sul, 58%. Com essas trocas, afirmou, todos ganham.

"Não nascemos para ser pobres a vida inteira", disse Lula, ao assegurar que os resultados da Cúpula América do Sul-Países Árabes aparecerão em "curto espaço de tempo" e "não vai demorar muito". Para tentar encerrar a polêmica criada em torno da cúpula, o presidente lembrou que, em seu discurso, fez questão de dizer que, da mesma forma que defende um Estado palestino, defende o Estado de Israel. "A existência de um não nega o outro."

Lula também tentou pôr panos quentes na polêmica relação Brasil-Argentina e defender maiores relações com os vizinhos. Segundo ele, o País quer contribuir para que haja uma política industrial na Argentina, pois "os argentinos, muitas vezes, reclamam porque perderam praticamente parte de sua indústria". Para o presidente, "o Brasil tem responsabilidade de ajudar a Argentina a se desenvolver", e de ajudar o Paraguai e o Uruguai a se desenvolverem também.