Título: Novadata fatura o dobro na gestão Lula
Autor: Guilherme Evelin
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2005, Nacional, p. A7

A Novadata faturou em 2004 R$ 337,3 milhões. Foi mais do que o dobro do que entrou no caixa da empresa no primeiro ano do governo Lula (R$ 142,2 milhões), um ano ruim para os negócios de Mauro Dutra, o dono da Novadata. Em 2002, o último ano de Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto, a empresa havia faturado mais alto: R$ 177,03 milhões. Novos contratos com a Caixa Econômica Federal e a Petrobrás ajudaram a impulsionar os negócios de Dutra em 2004. A Novadata tem clientes privados na sua carteira, mas se estabeleceu no setor de informática como grande fornecedora do governo federal - 75% do seu faturamento vem do setor público. Entre os principais compradores dos produtos e serviços da Novadata, aparecem a Presidência da República, o Congresso, os ministérios, os tribunais federais, os bancos oficiais e governos estaduais. Sediada em Brasília, a Novadata começou a vender equipamentos de informática para o governo em 1981, quando prevaleciam as regras da reserva de mercado para as empresas nacionais editadas pelo regime militar. A empresa foi fundada pelo pai de Dutra, Olney Araújo, um coronel da reserva da Aeronáutica, com formação em engenharia. As simpatias políticas de Dutra, porém, sempre o colocaram à esquerda no espectro político. Durante o governo João Figueiredo, foi sócio do senador Cristovam Buarque (PT-DF) em uma livraria de Brasília. Por essa ligação, Dutra virou, com o pai, alvo dos órgãos de informação do regime militar. Outro grande amigo petista do empresário é o deputado Sigmaringa Seixas (DF), parceiro das peladas de futebol patrocinadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2002, a Novadata doou R$ 72 mil para a campanha de Sigmaringa à Câmara.

Na última eleição presidencial, Dutra ajudou a coletar fundos para a campanha de Lula, que se hospedou numa casa do empresário em Búzios, no litoral fluminense, no réveillon de 2001. As amizades brasilienses comuns aproximaram Dutra de Lula , além do prazer de pescar. Os dois partilharam várias pescarias no Pantanal.

A amigos, Dutra disse que deixou de ver Lula quando o amigo virou presidente. O desabafo foi quando apareceram denúncias contra a Ágora, ONG fundada pelo empresário. A entidade apresentou notas frias para justificar gastos de verbas repassadas pelo governo Cristovam Buarque no DF. Em 2004 , um convênio da ONG com o Ministério do Trabalho foi condenado pelo TCU por privilégio na escolha da Ágora para gerenciar recursos do Programa Primeiro Emprego.