Título: Lula, antes da decisão: 'Bravata não dá certo'
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2005, Economia, p. B3

Horas antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar a nova taxa Selic, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu ontem que os juros são altos, mas não depende só dele, Lula, reduzir o índice. Durante café da manhã no Palácio do Planalto com líderes de partidos aliados e de oposição na Câmara, o presidente rebateu críticas à política econômica. "Bravata em economia não dá certo", disse Lula, segundo o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA). "Até hoje estamos pagando o preço do Plano Cruzado", teria completado o presidente. Aleluia, em entrevista, lembrou que o plano econômico citado por Lula teve como pai o presidente José Sarney (1985-1989), hoje senador e aliado do Palácio do Planalto. O Cruzado foi uma das tentativas frustradas do governo de acabar com a hiperinflação. "O Sarney tinha de estar presente no café da manhã", ironizou o deputado baiano.

A política de juros sempre dividiu o governo Lula. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, é um dos que mais se pronunciam contra o aumento da Selic. No início desta semana, o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, que fazia coro contra a política de juros, defendeu a equipe econômica ao anunciar mais 266 mil postos de trabalho em abril, em relação a março.

Na noite de terça-feira, Lula ouviu de lideranças do Movimento dos Sem-Terra, no Palácio do Planalto, críticas ao modelo econômico conduzido pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O MST incluiu entre as reivindicações a crítica à política econômica. "O governo não foi eleito para manter esse modelo", reclamaram.