Título: Alimentos tiram fôlego da inflação em São Paulo
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2005, Economia, p. B3

A inflação dos paulistanos perdeu fôlego este mês. Na segunda quadrissemana de maio, o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) fechou com alta de 0,58%, ante uma elevação de 0,68% na quadrissemana anterior. Trata-se do terceiro índice de inflação divulgado este mês que confirma a desaceleração dos preços. Na primeira prévia do IGP-M de maio houve deflação de 0,03% e a inflação medida pelo IGP-10 deste mês registrou variação zero. Economistas alertam que o recuo da inflação é temporário e a tendência não pode ser extrapolada para o ano. É que a partir de julho os índices devem voltar a ser pressionados pelos reajustes de tarifas públicas, como energia elétrica, por exemplo, e é possível que ocorra uma desvalorização do real.

O grupo alimentação foi o principal fator para a desaceleração do IPC-Fipe, apesar de nominalmente ter sido a maior alta no indicador da segunda quadrissemana (1,14%), aponta o coordenador do índice, Paulo Picchetti. Na primeira quadrissemana, os alimentos tinham subido 1,48%. Na avaliação do economista, essa perda de força já é reflexo da queda das cotações dos produtos agrícolas no atacado. O Índice de Preços no Atacado (IPA) do IGP-10 de maio, por exemplo, teve deflação de 3,37%.

"O IPA agrícola teve movimento atípico em abril e este mês. Essa volatilidade exagerada deve se acomodar e não é possível extrapolar esse resultado para os próximos meses", diz o sócio da Tendências Consultoria Integrada, Roberto Padovani. Ele alerta que a melhoria dos índices de inflação é temporária e deve se exaurir com reajustes dos preços administrados a partir de julho.