Título: PT tentará unir e requalificar a base aliada
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2005, Nacional, p. A6

Imerso na crise que praticamente inviabilizou a ação do governo no Congresso, o PT vai trabalhar para o que o seu presidente nacional, José Genoino, chamou de "requalificar" a base aliada, constituindo um campo de apoio menor, em torno do que chamou de "agenda de unidade". O objetivo, adiantou ele, é "fazer uma maioria que não precise de três quintos" dos parlamentares e que seja montada em torno do crescimento econômico, dos programas sociais, da reforma política e dos investimentos em infra-estrutura. Uma maioria absoluta basicamente em relação ao dia-a-dia, resumiu. "Temos que requalificar nossa maioria política no Congresso, requalificar significa a gente ter uma agenda de unidade", afirmou Genoino, um dos sete candidatos à presidência do PT nas eleições de 2005 que foram lançados ontem.

Em outras correntes, outros postulantes à presidência do partido criticaram a amplitude da base aliada, em sua opinião motivo de problemas como a denúncia de corrupção nos Correios, que atingiu o PTB. Plínio de Arruda Sampaio, apoiado pela Ação Popular Socialista, foi irônico. "Requalificar é um termo bonito. É reduzir, né?" Lembrou que o regime é presidencialista.

"No regime parlamentarista, precisa ter maioria no Congresso", disse. "No regime presidencialista não, o presidente tem o veto, tem iniciativa das leis mais importantes."

Outro candidato a presidente, Raul Pont, da Democracia Socialista, também criticou. "A política de alianças que se pratica hoje é equivocada, nos leva a este pântano, a este atoleiro da corrupção, de nós assumirmos responsabilidades que não são nossas e acumularmos derrotas no Congresso Nacional", atacou.

Valter Pomar, candidato pela Articulação de Esquerda, foi duro em sua crítica. "Um ditado popular diz que quem anda com cachorro pega pulgas. É minha opinião", resumiu. Já Markus Sokol, de O Trabalho, disse que o governo Lula "está prisioneiro das forças que derrotou; têm alto lugar na República partidos e forças que foram derrotados, para fazer a política que não corresponde ao que o povo votou."

Também foram lançadas as candidaturas de Maria do Rosário, pelo Movimento PT, e de Luiz Gonzaga da Silva, além de dez chapas para disputar a direção da legenda, na eleição de 18 de setembro.