Título: Antes do Copom, dólar a R$ 2,46
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2005, Economia, p. B11

Mercado apostava em queda dos juros a longo prazo, e moeda americana voltou a cair. A Bovespa fechou em alta de 1,99%

O mercado encerrou os negócios ontem à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Os analistas se dividiam entre manutenção da taxa Selic em 19,5% e um novo aumento de 0,25 ponto porcentual. Se houve algo parecido com o consenso, ficou na redução dos juros no longo prazo, o que significa uma aposta na tendência de queda da taxa até o fim do ano. Já a Bovespa fechou em alta, recuperando as perdas acumuladas este mês. Apesar da iminência da CPI dos Correios, o mercado de ações preferiu acompanhar o bom desempenho de Wall Street. As boas notícias lá de fora também influenciaram o câmbio. E o dólar caiu 0,89%, para R$ 2,46, depois de quatro dias seguidos em alta. O cenário externo foi o principal motivo para o desempenho da Bovespa. Lá fora, o Dow Jones fechou em vigorosa alta de 1,28%, o Nasdaq subiu 1,32%, os T-Bonds de 10 anos recuaram para níveis próximos a 4,08%, o preço do barril do petróleo despencou 3,51% para US$ 47,25 na entrega em junho em Nova York, os títulos da dívida externa brasileira fecharam em alta e o risco país caiu. Por volta das 18h12, o recuo era de 11 pontos, para 447 pontos.

O Ibovespa fechou em alta de 1,99%, com 24.898 pontos. Operou entre a máxima de 24.966 pontos (alta de 2,27%) e a mínima de 24.409 pontos (queda de 0,01%). Com o resultado de ontem, a bolsa saiu do vermelho em maio e passou a acumular alta de 0,22% no período. Mas, no acumulado de 2005, a bolsa apresenta queda de 4,95%. O movimento financeiro melhorou, ficando em R$ 1,423 bilhão.

O mercado de juros também encerrou a quarta-feira sem convicção sobre qual seria a decisão do Copom em relação ao rumo da Selic. O contrato mais curto, com vencimento em 1.º de junho, mostra claramente que o mercado continuou dividido entre a idéia da estabilidade e do ajuste de 0,5 ponto porcentual. Mas, na dúvida, as taxas mais longas só caíram. O contrato mais líquido, com vencimento em janeiro de 2006, recuou de 19,44% na terça-feira para 19,39% ontem, perto da mínima do dia.

Entre operadores, não se considera a hipótese de que, ainda que o Copom eleve a Selic hoje em 0,25 ponto percentual, haja nova elevação do juro em junho. Por isso, qualquer que seja a decisão de hoje, o provável é que a curva mais longa siga inclinada. O que poderia mudar esse desenho, dizem profissionais, seria uma ata mais conservadora, que não afastasse os riscos de uma nova rodada de aperto monetário caso a inflação corrente não ceda.