Título: FHC, Serra e Alckmin vão a Minas discutir com Aécio planos para 2006
Autor: Guilherme Evelin e Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2005, Nacional, p. A7

Preocupada com os desdobramentos da crise política provocada pelas revelações de corrupção em empresas estatais, a cúpula do PSDB reúne-se esta noite, em Belo Horizonte, para rediscutir a estratégia do partido para 2006 diante da iminência da instalação da CPI dos Correios. A convite do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, vão se reunir para um jantar em sua residência oficial, o Palácio das Mangabeiras, todos os principais dirigentes tucanos: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Geraldo Alckmin, o prefeito José Serra, o senador Tasso Jereissati (CE) , além do presidente nacional do partido, o senador Eduardo Azeredo (MG), o secretário-geral, deputado Bismarck Maia (CE), e os líderes na Câmara, Alberto Goldman (SP), e no Senado, Arthur Virgílio (AM). Os dirigentes do PSDB acompanham com preocupação o que chamam de esfarelamento da base de sustentação do governo no Congresso e a aparente falta de atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao problema, embora o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha suavizado no último sábado, durante encontro estadual dos tucanos em São Paulo, a sua declaração sobre a possibilidade de uma crise institucional no País, ao dizer que ela só poderá ocorrer a médio ou longo prazo. Esse diagnóstico foi reforçado depois do encontro de Lula com os líderes dos partidos na Câmara na semana passada. "Ele parece que ainda não percebeu a gravidade da crise", diz o deputado Goldman. "O presidente está autista e só se preocupa com a reeleição em 2006", reforça o deputado Bismarck Maia.

A reunião de hoje deverá servir também para a cúpula tucana definir a estratégia para o programa nacional do partido, que será exibido no dia 16 de junho em cadeia nacional de rádio e televisão. O programa vai servir para colocar em evidência os principais presidenciáveis dos partido. Nesta sexta-feira, já começam a ser exibidas 80 inserções publicitárias de 30 segundos com os nomes tucanos para o Planalto.

Uma parte dos tucanos paulistas pressionou para que a maior parte das inserções fosse dedicada ao governador Alckmin, hoje considerado o nome mais forte para enfrentar o presidente Lula em 2006. Mas não houve acordo na cúpula partidária. "Houve ciúmes do pessoal não só de Minas, mas também em São Paulo", garantiu um tucano com bom trânsito junto ao prefeito José Serra e os governadores Alckmin e Aécio. Para contentar a todos, as inserções vão contemplar Alckmin, Aécio, Serra, Tasso e o governador de Goiás, Marconi Perillo. "A decisão em ocupar o horário do partido com vários presidenciáveis provavelmente deixará a idéia de que o PSDB tem bons nomes, mas não tem o nome", lamentou o vereador José Aníbal, líder do governo Serra na Câmara Municipal de São Paulo e defensor do lançamento da candidatura de Alckmin. A idéia de dedicar as inserções a um único nome ficou para o segundo semestre, quando o PSDB terá direito a novo programa na TV e, acreditam os tucanos, o cenário eleitoral para 2006 estará mais próximo da sua configuração.