Título: 'Sabia que eu estava com xistosa. Andava passando mal'
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2005, Vida&, p. A12

POSITIVO: A adolescente B.O.C., de 12 anos, pés descalços na rua de terra, foi informada na sexta-feira da semana passada de estava infectada pelo parasita da esquistossomose. "Sabia que eu estava com xistosa. Andava passando muito mal, vomitando direto", comentou, resignada. Vizinha da jovem, a doméstica Marilena Gomes Ferreira, de 38 anos, também foi informada de que era portadora da doença. No início do mês, ela realizou pela primeira vez o exame de fezes, que detectou a presença de ovos. "Mas não achei que ia dar positivo", disse. Apesar de receber com surpresa a notícia do agente de saúde municipal, Marilena já vinha apresentando sintomas da doença. "Ela sente sempre umas dores na barriga e pelo corpo afora", conta o marido José Gomes, de 45 anos. O resultado dos exames feitos por ele e pelos dois filhos do casal deram negativo.

A doméstica admite que às vezes "sentia náuseas e uma leve tontura". E suspeita que possa ter se infectado na sua cidade natal, Morro do Pilar, no interior do Estado, a 164 quilômetros da capital. "Lá isso é um problema sério e eu costumava me banhar no rio", afirma. "Mas há muito tempo eu não fazia isso. Será que pega na poça d'água? Gosto de andar de chinelo, mesmo na chuva."

Marilena mora no bairro Baronesa, na periferia de Santa Luzia, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte onde o índice de pessoas infectadas por esquistossomose ainda é considerado alto, por causa da falta de saneamento básico adequado.

Nas proximidades, o Laboratório de Zoonoses da prefeitura da cidade detecta, em média, 75 casos da doença por mês.